Já muito se escreveu sobre o poder das redes sociais. E já mais ou menos todos os profissionais de marketing concordam que precisam lidar com redes sociais.
Por isso mesmo, não consigo deixar de ficar impressionado com a forma errada como a maior parte das empresas lida com este fenómeno.
Mas vamos por partes. Caso alguém tivesse ainda alguma dúvida de que até em Portugal este fenómeno é geral e amplamente abrangente de toda a população, penso que essas dúvidas foram totalmente dissipadas com a manifestação no dia 15 de Setembro, quando dezenas de milhares de pessoas de todos os géneros, vieram para a rua, impulsionadas meramente pela organização do evento via Facebook .
1ª conclusão: O Social Media, as redes sociais e o Facebook em particular, são um canal de comunicação com grupos. Grupos com interesses comuns e, quanto maior o interesse, maior o grupo.
2ª conclusão: São o canal de comunicação diferente. Diferente porque impera a interactividade. O envolvimento. A acção e reacção. Imediata. São um canal diferente também, porque cada pessoa, consumidora ou não, dá a cara. O que torna ainda mais impossível tratá-la como apenas um número. Uma venda.
3ª conclusão: São um canal que é muito mais que um canal para veicular mensagens comerciais. São um canal que serve para muito mais que mero entretenimento. Ou esclarecimento. Ou informação. É um autêntico sistema de suporte à vida. Real. Física. É um sistema para onde se leva e trás não só as alegrias, os prazeres, as pausas, os encontros e re-encontros, mas também as frustrações, as angústias, as preocupações e os erros. O Social Media é um amplificador da condição humana e das respectivas acções. É um bicho complexo. Um bicho que nos permite passar mensagens de marcas, sim, mas, sem passar das marcas.
4ª conclusão: São um meio que pode desencadear emoções e acções em cadeia. Essas emoções e acções podem ser favoráveis ou nem por isso. Podem ser o que leva um bando de estorninhos a voar em perfeita e harmoniosa sincronia, de onde resulta algo de verdadeiramente belo, ou podem ser o que leva as gazelas a se juntarem e a enfrentarem os leões, protegidas pelo impenetrável escudo dos grandes números.
Com tantos exemplos do que de melhor e de pior acontece às marcas, que aproveitam ou falham em interpretar correctamente esta realidade, seria de esperar que as marcas e empresas se munissem de bom senso, bons parceiros e de uma boa estratégia, antes de se atirarem de cabeça para esta nova realidade. Seria de esperar que entendessem que o Social Media, tal como as pessoas enquanto consumidoras, tocam todos os aspectos das operações de uma empresa e não apenas o aspecto da comunicação.
Mas não.
Muitas contratam um estagiário, que fica responsável pela página de Facebook. Outras contratam empresas com zero preparação em termos de negócio, apenas com algumas mentes mais ou menos curiosas, e aqui vai disto. Um “bom dia pessoal” aqui, um “hoje vai haver um concerto dos FUN, quem quer ir?” ali, um “faz like a habilita-te a ganhar um iPad”, acolá.
E depois espantam-se. Espantam-se como é que um investimento de meia dúzia de tostões não resulta, ou porque de repente um grupo de gente se virou contra a sua marca, na sua própria página, ou porque é que, por mais iPads que ofereçam, as pessoas continuam a não gostar da marca.
Fica por isso aqui o meu aviso à navegação, para os marketeers que estão ou querem estar por estas águas, até há pouco inexistentes.
Vocês querem integrar o Social Media na estratégia dos vossos negócios (e não somente das vossas marcas) e fazem muito bem em querer. Esta é uma realidade incontornável. Mas façam-no bem feito. Por favor. Façam-no com retorno, com segurança e de corpo e alma!
Fotografia de João Vasco Almeida
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