Em Portugal era conhecida como “Já Tocou” e foi uma das primeiras apostas da TVI para os mais jovens. Nos Estados Unidos, a série juvenil Saved by The Bell teve quatro temporadas e marcou toda uma geração de jovens – que agora serão quarentões ou nesta idade estarão a entrar.

Três destes fãs – Derek Berry, Zack Eastman e Steve Harris – decidiram criar um restaurante dedicado à série e, segundo conta a Advertising Age, o projecto está a ser um sucesso. O restaurante chama-se Saved By The Max – Max era o restaurante original da série – e vendeu três meses de reservas em poucos minutos. Por que é que o Adage se interessou pelo projecto? Nem um cêntimo foi investido em marketing tradicional.

O Saved by The Max abriu no início do mês em Chicago e começou a ser conhecido através de uma página de Facebook. “Não fizemos marketing tradicional. O evento no Facebook tornou-se viral e, de uma maneira, tudo o resto foi uma bola de neve”, explicou Eastman à Adage.

Depois da página do Facebook veio o Instagram e, só mais tarde, um site. Durante várias semanas, a página do evento no Facebook foi a única ferramenta de promoção do novo local. Aos poucos foram partilhados vários pormenores sobre o restaurante, os menus e design. Tudo estreitamente ligado à série.

Cerca de 28.000 pessoas admitiram estar interessadas no evento – o restaurante tem lotação para 87 pessoas. “Esperámos o suficiente para lançar a página no Instagram. Revelámos informações aos poucos. Talvez estejamos a escrever uma nova forma de promover algo – que é uma espécie de não promoção – e deixar que a marca fale por si”, concluiu Eastman.

Numa fase inicial, o trio planeou o projecto como uma paródia à série. No entanto, foram rapidamente contactados pela NBC, que acabou por se tornar parceira de negócio. Sim, a televisão que detém os direitos da série não só não se opôs ao conceito – como tantas vezes acontece – como viu nele uma boa ideia para fazer dinheiro e continuar o legado da marca.

“É por causa da NBC que estamos a fazer isto. Queremos as coisas bem feitas. E, de certa forma, estamos a representá-los”, explicou Eastman. Para a NBC, é um cenário perfeito. Autoriza a veiculação da marca, personagens e logos em todos os suportes do restaurante e ainda ganha dinheiro com o projecto.

Em Portugal, poderemos ter uma ideia similar? Creio que sim. Há muito que existe uma nostalgia relacionada com as séries televisivas dos anos 80 e 90. Os conteúdos estão lá, e muitas vezes subaproveitados. As possibilidades de união entre marcas, entre projectos de diferentes áreas e sectores são inúmeras, mas se há algo que pode ser uma verdadeira mais-valia é o poder dos conteúdos, antigos e actuais. Por que não um bar temático centrado no Duarte e Companhia?

Ao contrário de Zack Eastman, um dos sócios do Saved By The Max, não acho que o investimento em marketing tradicional do projecto seja zero. A verdade é que ele foi feito entre 1989 e 1993, os quatro anos em que a série foi transmitida – e são esses espectadores que agora lhe enchem o restaurante.

Antes de terminar, gostaria de deixar duas notas: a importância das redes sociais e dos conteúdos virais no marketing actual; e a forma como a NBC, em vez de alertar o seu departamento jurídico para o uso indevido da sue propriedade intelectual, preferiu a via do diálogo e, com isso, ganhou uma nova fonte de receitas. Chapeau.