Que ‘Trump’ vem aí?

5 de dezembro de 2016

Que ‘Trump’ vem aí?

José Manuel Costa, presidente da GCI

Os mercados levaram ‘apenas’ três horas para reagir à notícia da eleição de Donald Trump como presidente do Estados Unidos da América, mas quanto tempo levará o mundo a reagir, sobretudo se os piores cenários traçados em matéria de política de ambiente se vierem a concretizar?

Esta é uma questão para a qual dificilmente encontraremos resposta ou mesmo previsões que venham a revelar-se verosímeis, tal o grau de imprevisibilidade contido nas tomadas de posição públicas do novo presidente eleito. Neste momento, passada a surpresa, e até o choque, principalmente por parte dos defensores da causa ambiental e da premência do combate às alterações climáticas, em particular, o mundo está em suspenso sobre em que sentido irá a futura administração de Trump decidir e atuar. Na verdade, a ‘promessa’ (ameaça?) de Trump de “rasgar” o Acordo de Paris nos primeiros 100 dias de governação, assinado em dezembro de 2015 em Paris por 197 signatários e já ratificado por mais de cem países, incluindo os EUA, o qual visa assegurar que o aumento da temperatura média global fique 2°C abaixo dos níveis pré-industriais, paira sobre a comunidade internacional.

De várias frentes chegam apelos para que o futuro presidente dos EUA não ponha os seus interesses e convicções à frente do futuro da humanidade. Chegam mesmo por parte de grandes empresas (incluindo americanas) que, apesar de cientes do investimento necessário – em 2009, os países ‘ricos’ prometeram 100 mil milhões de dólares por ano a partir de 2020, para apoiar as nações em desenvolvimento a financiar a transição para energias limpas e a adaptar-se aos efeitos do aquecimento global, de que são as primeiras vítimas -, consideram que a não existência de uma economia de baixo carbono coloca em causa a prosperidade e a competitividade dos Estados Unidos, comprometendo ainda o aparecimento de soluções inovadores e a criação de empregos. Do outro lado do continente americano, a Europa continua igualmente empenhada em manter a liderança no combate às alterações climáticas, mantendo a prioridade na evidência das consequências de nada fazer.

E, se o futuro (da política climática) a Trump vier a pertencer, o mundo passará a ser, seguramente, um lugar “mais quente” do ponto de vista climático, social, económico e político.

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Por José Manuel Costa

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