Na semana em que estive de visita aos escritórios de Milão da Edelman, rede internacional da qual a GCI é há 10 anos afiliada, a empresa – a maior empresa independente de PR do mundo – anunciou que vai deixar de trabalhar com clientes que possam ameaçar a sua legitimidade e valores.
Por outras palavras, empresa e indivíduos que neguem as alterações climáticas e grupos que não passam de testas de ferro de organizações ligadas à indústria do carvão, por exemplo, deixarão de ser trabalhados pela Edelman. Ou seja, tudo o que possa estar ligado ao greenwashing – directa ou indirectamente – será banido dos novos negócios da Edelman.
A decisão não foi tomada da noite para o dia. Ela foi debatida durante dois anos, coincidindo com a revisão das operações da empresa, e pretendeu proteger aquilo que a empresa chama de “licença para liderar”.
Antes disto, a Edelman não fechava os olhos à sustentabilidade. A empresa foi uma das primeiras grandes consultoras de PR a adoptar um sistema contabilístico interno de carbono e tem trabalhado, ao longo dos anos, várias campanhas ligadas ao ambiente.
A decisão já foi elogiada por Kert Davies, director do Climate Investigations Centre, Robert Cox, professor de comunicações da Universidade da Carolina do Norte e Chapel Hill, antigo presidente do Sierra Club. Três nomes demasiado importantes para ignorar e que alegam que esta nova estratégia assinala uma mudança na percepção dos combustíveis fósseis perante a opinião pública.
Creio que a decisão da Edelman só pecará, eventualmente, por ser tardia. Mas ela vai de encontro a tudo o que e empresa vem defendendo nos últimos dez anos. É também um aviso às empresas, entidades e organizações que trabalham na indústria energética: elas devem garantir que estão a trabalhar no sentido da transição verde, sob pena de permanecerem no limbo mediático da percepção negativa.
A forma como a Edelman conseguiu pôr os media a elogiarem-na esta semana, depois de tudo o que tem sido dito nos últimos anos sobre alguns dos trabalhos desenvolvidos para os clientes, mostra uma empresa que lidera – de facto – que inova e continua a gerar valor interno e para os seus stakeholders.
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