O discurso de Pedro J

17 de fevereiro de 2014

O discurso de Pedro J

José Manuel Costa, presidente da GCI

O discurso de despedida de Pedro J. Ramirez deveria ser visto por todos os profissionais de marketing e comunicação – e, quiçá, tornar-se obrigatório nos próximos cursos e licenciaturas da área. São 35 minutos de poder comunicativo, de motivação dos ex-colegas e visão de futuro. Nem parece um discurso de despedida, na verdade.

Enquanto recordava algumas das capas históricas do El Mundo dos últimos 25 anos, Pedro J. emocionava os colegas, brincava de forma séria com o jornalismo – “algum dia contaremos qual a fonte [desta notícia]… Bom, nunca o contaremos, porque nós, os jornalistas, nunca devemos contar quais as nossas fontes” – e aproveitava para explicar a sua visão para o futuro.

Pedro J. deixa o El Mundo no bom caminho. Com 127 mil assinantes digitais, o El Mundo é um dos jornais mais bem preparados para enfrentar a próxima década sem abdicar do jornalismo de referência e investigação. “Estes números são um tesouro que têm importância quantitativa. Mas, qualitativamente, representam a melhor arma para o futuro desta casa. Estes 127 mil assinantes são mais do que os outros meios juntos”, frisou.

Com 2,2 milhões de utilizadores únicos por dia, o jornal é também um dos mais lidos nas redacções portuguesas. Pedro J., aliás, deixou uma mensagem importante para todos os directores e proprietários de meios de comunicação social: quem, em três anos, consiga que 50% das suas receitas venham do digital, encontrou a sua tábua de salvação.

Há 10 anos, quando esteve na GCI para falar sobre O Poder dos Media, Pedro J. surpreendeu pela simplicidade, clareza do discurso e simpatia. “Não é estranho que eu tenha sido despedido, o estranho é terem demorado 25 anos a fazê-lo”, gracejou na sua despedida.

Como escreveu o André Macedo, ninguém teve a inteligência, a coragem e perseverança e a visão que ele revelou ao longo destes 25 anos, num lugar de responsabilidade máxima e exposição total.

Numa época em que várias personalidades evocam o poder dos media como fonte de fiscalização, pesquisa e confronto de informações, Pedro J. era um mago nesta arte.

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