Desde cedo que os especialistas em Meteorologia e em Clima faziam antecipar o verão de 2017 como um “muito quente”. Bom para quem aprecia esta época estival para a prática balnear, mas fonte de preocupação para quem, de alguma forma, está ligado à floresta, às áreas protegidas e aos recursos naturais que encerram, devido ao maior potencial para a ocorrência de incêndios.
Efetivamente, os dados do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), apontam para o facto de, no período compreendido entre 1 de janeiro e 15 de julho de 2017, haver um registo de 7.310 ocorrências entre incêndios florestais e fogachos. Daí resultaram mais de 65 mil hectares de área ardida de espaços florestais, representando mais 16% de ocorrências e quase cinco vezes mais área ardida do que a média verificada no decénio 2007-2016. O ano de 2017 apresenta até àquela data o quinto valor mais elevado em número de ocorrências e o valor mais elevado de área ardida, desde 2007. Contudo, o pior registo que fica para a história é sem dúvida as mais de 60 vítimas só no incêndio de Pedrógão Grande.
Infelizmente, os últimos anos, nesta matéria, foram-se destacando pela negativa num ou outro aspeto. Se o pior registo em área ardida continua a ser 2003 (mais de 425 mil hectares ardidos), em número de incêndios e perdas económicas, 2005 mantém (para já) a pior contabilização – depois da fatura de 611 milhões de euros com os fogos de 2003, as perdas materiais chegaram aos 757 milhões de euros nos incêndios de 2005. O número de vítimas registado neste ano faz, porém, de 2017 o ano mais fatal dos incêndios em Portugal.
Com mais contas de somar (danos humanos e materiais) ou de subtração (perda de área florestal e de biodiversidade) que se possa fazer, ressalta, sem dúvida, que o mais importante é multiplicar os esforços na área da Prevenção e pugnar para que a Sociedade Civil não se divida, antes porém, se una em prol de uma gestão das áreas naturais e florestais mais sustentável, naquela que é a maior catástrofe ambiental e humanitária.
José Manuel Costa, Presidente da GCI
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