Há 25 anos, José Saramago escreveu que o autor é um eterno insatisfeito. “Os autores emendam sempre, somos os eternos insatisfeitos”. Não sou autor, mas vivo numa indústria que constrói histórias para os consumidores, que ouve, cria e optimiza os conteúdos. E amplifica-os.
Sou, por isso, um eterno insatisfeito. Na construção de histórias e seu desenvolvimento, na inovação e criatividade da indústria, na criação de novos modelos para chegar a vários públicos e stakeholders.
Há 10 anos, eternizar-se na insatisfação significava liderar a indústria, arriscar. Por vezes, isso dava origem a recuos estratégicos. Por vezes, os sucessos eram estonteantes.
Hoje, não estar permanentemente insatisfeito é uma armadilha, é pisar o risco da inevitabilidade empresarial. Em todas as indústrias, mas sobretudo na do marketing e comunicação.
Saber contar uma história é apenas um cliché. Há várias formas de o fazer, começam todas numa folha em branco mas, inevitavelmente, todas as histórias passam por aquela fase em que têm de ir além do racional e expectável. Têm de superar a fronteira do lugar-comum e prolongar-se no tempo. E têm de ser excelentes.
Na época do imediatismo das redes sociais, que criam e matam notícias em 24 horas, as novas histórias têm de perdurar, descobrir novas motivações e objectivos, refletir a mudança dos hábitos dos consumidores e stakeholders. Evoluir.
As pessoas não conseguem funcionar sem uma boa história, já dizia o Seth Godin. Ser um eterno insatisfeito, por isso, é encontrar novas formas de contar velhas histórias.
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