A 26 de Maio de 2013, o Benfica cedia a Taça de Portugal ao Vitória de Guimarães, culminando uma semana em que perdeu o título nacional as 92’ do penúltimo jogo, no Dragão, a final da Liga Europa ao mesmo minuto, contra o Chelsea, e o jogo do Jamor com uma reviravolta entre os 80’ e 82’, quando vencia por 1-0. Foi o terceiro ano do Benfica sem ganhar uma competição e o seu treinador, Jorge Jesus, parecia no fim da linha. Mas este momento, curiosamente, marcou a ascensão do Benfica tal como o conhecemos.
Contra todas as opiniões – pelo menos as mediáticas –, o presidente do Benfica manteve Jesus para a temporada seguinte, e apesar de um mau início do campeonato, o clube acabou por fazer uma época quase-perfeita, com três títulos. No ano passado, a história repetiu-se, até que, no final da época, tudo mudou: o treinador e o jogador mais carismático saíram para os dois rivais e o início desta época levou o clube a uma montanha-russa de emoções – o que culminou num mau início do campeonato e derrotas sucessivas contra o rival onde agora pontificava o ex-treinador.
À data em que escrevo esta crónica, porém, o Benfica lidera o campeonato e mantém possibilidades reais que vencer o papão Bayern, qualificando-se para as meias-finais da Champions League.
Opções clubísticas à parte, há que reconhecer que a queda e ascensão do Benfica, este ano e nesta década, é uma das histórias de sucesso do futebol português. Tal como o FC Porto provou nas décadas passadas, esta é a história de como as fundações e a alma do projecto – a estrutura, como se costuma dizer – não se deixa abalar por mudanças que, aparentemente, serão drásticas. No Benfica, isso nota-se no futebol mas também nas modalidades. Os alicerces são imunes a trocas de treinador e até de jogadores fundamentais.
Nas empresas, como no futebol – o lugar-comum é propositado – a cultura da empresa, as suas metodologias, modus operandi – e a tal alma – são essenciais para recomeçar. O novo paradigma – outro lugar-comum – empresarial é feito de chegadas e partidas. E hoje nem os nomes e designações das empresas são eternos, quanto mais os seus colaboradores e quem a elas muito deu, durante anos e por vezes décadas.
As consultoras de PR – porque também são empresas – têm de se manter atentas, ágeis e estar em permanente ebulição. Eternamente insatisfeitas. Porque é esta agilidade e mobilidade que vai dar força à tal alma que as mantêm no patamar superior de qualidade – a tal estrutura de que tanto se fala no futebol. E nas empresas, como no futebol e na vida, cada revés pode ser o início de uma nova época de ouro.
*Ricardo marcou o segundo golo do Vitório de Guimarães no Jamor
Comentários (0)