Uma previsão mais ou menos acurada, designada Lei de Moore, que desde meados da década de 60 é uma norma no ramo tecnológico, e a que eu tive conhecimento apenas recentemente ao ler um livro sobre a nova era digital*, determina que “os chips dos processadores (as pequenas placas de circuitos que constituem a espinha dorsal de qualquer processador) duplicam de velocidade a cada 18 meses. O que significa que em 2025 um computador será 64 vezes mais rápido do que em 2013.” Os mesmos autores acrescentam que o volume de dados transmitidos por fibra óptica, a forma mais rápida de conectividade, duplica em média a cada nove meses.
Os novos veleiros que disputam a America’s Cup, que terão sido certamente desenvolvidos com o inestimável auxílio dos mais avançados sistemas informáticos, atingem o dobro da velocidade comparativamente aos barcos do ano passado. Os AC72 são os catamarans mais velozes de sempre, tornando-os ao mesmo tempo os que requerem a maior destreza no seu manuseio. Estima-se que o tempo de decisão para manobrá-lo é de ¼ do que exigia a sua geração anterior.
De uma forma geral os timings para o desenvolvimento dos projectos de marca e comunicação têm vindo encolher como espinafres no tacho, com resultados bem menos saborosos. A agilização garantida pelos meios de comunicação e o acesso a ferramentas informáticas que facilitam a materialização das propostas num piscar de olhos têm sido promotores da aceleração dos processos de estruturação e desenvolvimento estratégico-criativo, reduzindo em muito o tempo disponível para que sejam tomadas as decisões mais acertadas ou, pior, para que que sejam apresentadas propostas mais arrojadas. Quem não se lembra do video “Creativity requires time” de 2011?
É verdade que as nossas máquinas capacitam-nos para sermos cada vez mais ágeis em todos os sentidos e em todas as etapas, isso é consensual e tão irreversível como os meus cabelos brancos. Entretanto temos de ser igualmente mais responsáveis e não negligenciarmos a qualidade dos outputs para atendermos a cronogramas irrealistas ou mesmo despropositados. Uma decisão estratégica tomada às pressas pode não ter as consequências trágicas de um engano numa prova vela a mais de 100km/h, mas pode levar ao naufrágio dos objectivos da marca.
O senhor Moore eventualmente acertará na sua previsão, mas ilude-se quem pensar que em 2025 seremos capazes de solucionar um desafio 64 vezes mais depressa do que fazemos hoje. Onde a tecnologia pode e vai nos ajudar é na selecção da informação pertinente, poupando-nos o valioso tempo para que o possamos aplicar ainda mais e melhor no processo criativo.
*”A Nova Era Digital”_Eric Schmidt/Edward Cohen – Ed. D. Quixote
clap clap clap. Até porque o nosso processador não respeita a lei de moore
Thanks Geada! Ask for Moore!