As notícias e relatos sobre a poluição de Pequim, na China, seguem-se a um ritmo avassalador, sendo que, por vezes, parece que acabámos de entrar na máquina do tempo e estamos de volta aos anos 70: os carros na garagem, para não gastarem combustível, e as fotos a preto e branco a acompanhar as notícias.
Porém, os argumentos de hoje são diferentes. Os carros estão na garagem por razões ambientais – e não por qualquer embargo –, e a fotos a duas cores existem para realçar essa mesma poluição – as nuvens de fumo que, inapelavelmente, entram na capital chinesa.
Na última semana, porém, algo mudou neste cenário. Pequim não ficou mais limpa, mas a poluição foi notícia no Velho Continente, a Europa. Em Paris, a 1.700 quilómetros de Lisboa, os transportes públicos ficaram gratuitos de sexta-feira a domingo. Ontem, as autoridades proibiram metade da frota automóvel da capital francesa de sair à rua.
Desde quinta-feira que as notícias da poluição extrema não podem ser levadas de ânimo leve pela opinião pública europeia. Ela chegou ao coração da Europa, está em França, Bélgica e Itália – Roma também está com o mesmo esquema parisiense –, é um perigo vivo para a saúde de todos.
Numa altura em que a discussão sobre as cidades sustentáveis se estende para outras áreas e indústrias, como a tecnológica ou do retalho, é inegável que as mudanças comportamentais têm de chegar o mais rapidamente possível aos cidadãos mas, antes, aos seus empregadores.
O exemplo de Paris, aqui, é paradigmático. Confrontados pelo The Guardian, muitos parisienses admitiram desrespeitar a proibição de automóveis privados – e pagar a respectiva multa, €22 – porque não se podem dar ao luxo de não irem trabalhar.
Temas como o teletrabalho, horários flexíveis, novas rotinas de trabalho ou adopção de novas tecnologias – videoconferências, por exemplo – têm de passar a fazer parte do dia-a-dia das organizações, da administração públicas e Governos.
O debate tem de chegar aos media – vejam este outro excelente exemplo trabalhado pelo The Guardian – e outros stakeholders o mais rapidamente possível, sob pena de, em breve, termos de adoptar medidas idênticas às parisienses.
Neste cenário, a indústria das PR surge como o líder natural de todo o processo de mudança de mentalidades e desenvolvimento de um plano estratégico que gere e crie relações de credibilidade e confiança entre as organizações e os seus stakeholders. Só assim será possível dar ao tema a importância que este merece. E chegar ao coração e cabeça dos cidadãos.
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