O poder dos cidadãos

6 de fevereiro de 2012

O poder dos cidadãos

José Manuel Costa, Presidente da GCI

Na última quinta-feira, passei parte da minha manhã na inauguração da Startup Lisboa, uma incubadora de empresas que nasceu da sugestão de um munícipe lisboeta, na sequência do Orçamento Participativo (OP) da capital portuguesa.

Para quem não conhece o projecto OP, vale a pena explicar. Todos os anos, a Câmara Municipal de Lisboa pede aos seus cidadãos que proponham ideias para melhorar a cidade. Ao dar ao cidadão o poder de decisão, a CML dá-lhe também €5 milhões – uma verba muito significativa – para pô-lo em prática.

As ideias são depois votadas – também pelos cidadãos, claro – e as mais apreciadas são tornadas realidade. Foi o caso da Startup Lisboa, um projecto que conta ainda com financiamento do IAPMEI e Montepio.

Segundo a CML, registou-se um aumento muito significativo do universo de participantes no OP nos últimos três anos. Lisboa tem hoje, aliás, várias infra-estruturas resultantes da proposta e votação directa dos cidadãos – pistas cicláveis, corredor verde, canigl/gatil ou um parque infantil. Nos próximos anos, estou certo, o Orçamento Participativo terá cada vez mais participantes – e será o mais directo elo de ligação entre munícipes e autarquia.

O Orçamento Participativo de Lisboa é apenas um dos exemplos de como os cidadãos podem ajudar a mudar as cidades, a melhorarem a sua qualidade de vida e serem, eles próprios, agentes da mudança de mentalidades.

As redes sociais e inovações tecnológicas vieram diminuir o fosso entre os decisores e o cidadão comum; e as marcas, empresas – e, neste caso, autarquias – têm de perceber o papel cada vez mais importante – mobilizador, energizador e denunciador – da sociedade civil.

Hoje, são sobretudo os cidadãos – em nome individual ou colectivo – a alertarem para a importância do combate às alterações climáticas e fome, para a erradicação da pobreza extrema, para a aposta na sustentabilidade e reforço do bem-estar das populações – e seremos nós, também, que iremos promover a transparência e a confiança.

Somos nós, cidadãos, que temos parte do poder nas mãos. E, apesar de tudo, esta não deixa de ser uma boa notícia no actual momento sócio-económico global.

PS: A quinta edição do GPA Portugal será apresentada esta quarta-feira, pelas 10h, no Museu da Electricidade, Lisboa. Iremos, uma vez mais, falar de mudança de mentalidades. Estão todos convidados para participar/aparecer.

PS2: Na semana passada lançámos o Green Savers 2.0. O agregador da sustentabilidade está com um novo design. Comentem-no em www.greensavers.pt.

 

 

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