O dia 10 de outubro de 2017 pode ser uma data que ficará para sempre ligada à história de Espanha e da Catalunha. A data é apontada como aquela em que Carles Puigdemont, presidente da Catalunha, vai declarar a independência unilateral depois do recente referendo levado a cabo na região, ter dado a vitória ao Sim e à Independência.
A Catalunha e Espanha estão agora mergulhadas em incertezas e sofrem já as consequências de uma crise que se vai prolongar. O futuro de mais de 15% da população espanhola e de uma região que contribui para 19% do Produto Interno bruto de Espanha está em jogo.
Mas qual o impacto que esta decisão pode ter na marca país? Para já, alguns grupos económicos ameaçam e pressionam anunciando que vão mudar as suas sedes para outras regiões de Espanha que não a Catalunha. Os primeiros a manifestarem-se foram marcas da banca como a CaixaBank e o Sabadell mas também a editora Planeta, a maior de Espanha, ameaça seguir o mesmo caminho.
Espanha é a 13ª marca nação mais valiosa do mundo segundo o estudo Nation Brands, da Brand Finance, que avalia as marcas nação mais valiosas do mundo. O Imagens de Marca esteve à conversa com Pedro Tavares, Partner e CEO da OnStrategy, parceira da Brand Finance, que nos explica como este momento delicado da história de Espanha e da Catalunha pode afetar a marca país e a marca região.
Imagens de Marca – O que esta crise pode provocar na marca país?
Pedro Tavares – Tanto numa perspetiva interna como externa as consequências reputacionais são grandes e graves. Este é um tipo de crise global que afeta todas as dimensões que constroem a reputação de um país, nomeadamente as perceções associadas ao Governo, à Economia e à Sociedade. Fazendo uma análise mais micro em cada uma destas dimensões, os principais atributos que estão em causa e que vão sofrer uma forte penalização no que respeita às perceções associadas são: a participação responsável junto da comunidade nacional e global, a excelência governativa, o ambiente politico e económico para atrair investimento e negócios e a segurança e bem-estar.
IM – Quais são as consequências de toda esta agitação?
PT – As consequências mais diretas serão para a própria região da Catalunha que sofrerá sobretudo ao nível do comportamento da comunidade nacional e internacional muito prioritariamente no que respeita à intenção de investir e trabalhar, e num segundo nível ao ser colocada em causa a segurança social é expectável um impacto negativo nas intenções de residência e de visita da região (e não do país).
IM – Mesmo que agora voltem atrás, há um impacto na imagem do país e da região?
PT – Esse impacto negativo na reputação do país e em particular da Catalunha existirá sempre, pode ser minimizado se uma solução consensual for rapidamente encontrada. O tempo urge e é o principal inimigo de uma crise reputacional como esta.
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