Não há dúvida que a revolução de 25 de abril de 1974 mudou o rumo político e cultural do país, mas também a nível do consumo houve alterações significativas nos anos que se seguiram.
Uma sociedade, antes fechada e que primava pelo protecionismo aos produtos nacionais, passa a abrir as portas a marcas internacionais que se tornam parte do dia-a-dia dos portugueses, como por exemplo, a Coca-Cola. Mas outros produtos, já antes disponíveis, ganham também, nesta época, maior interesse por parte dos consumidores. Segundo o especialista em história da publicidade, Adelino Batista Cruz, os produtos alimentares pré-preparados, que ajudavam a vida doméstica a tornar-se mais prática, como as sopas Maggi, a Knorr são disso um exemplo, assim como os eletrodomésticos. A Siemens garante ter registado um boom nas vendas destes aparelhos em 1974, registando um aumento nas vendas de 60%, chegando a ter stocks esgotados. A marca garante também ter aumentado em 85% os custos com os colaboradores, depois da revolução, devido ao aumento dos ordenados.
O aumento do ordenado mínimo e o surgimento do 13º mês são alguns dos fatores indicados que permitiram aos portugueses conseguir poupar mais dinheiro e aumentar o seu poder de compra. Não será por isso de estranhar o aumento da procura e do consumo destes e de outros produtos, menos procurados antes do 25 de abril.
Foi nesta época, precisamente em 1974, que surgiu também a defesa dos direitos do consumidor, DECO, que também comemora, este ano, 40 anos. Fomos perceber como foi a sua chegada ao mercado, na mesma época da revolução, que tipo de objetivos e desafios encontrou no primeiro ano e como evoluiu o consumo na sociedade portuguesa nos anos seguintes à revolução. A entidade acredita ter contribuído de forma decisiva para aumentar a consciencialização dos consumidores para os direitos que tinham.
Entrevistas:
Adelino Baptista Cruz – Ex-docente publicidade/marketing
António Mira – Diretor Setor Indústria Siemens Portugal
Jorge Morgado – Secretário-geral DECO
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