Serviços prestados pelo ecossistema do montado não devem ser só suportados pelo setor
As externalidades são um tema que existe no atual modelo económico e o montado distingue-se porque é um ecossistema único ao nível dos serviços prestados. Este é um tema recente na discussão internacional e a APCOR, Associação Portuguesa da Cortiça, está a sensibilizar quer os agentes políticos, quer os agentes económicos, assim como o mercado para esta questão. Considera que não deve ser só a cortiça o único responsável pela preservação deste ecossistema. A APCOR tem sido pioneira a desenvolver estudos em Portugal para conseguir medir quanto é que valem estas externalidades e chegou à conclusão que existe um valor associado e é preciso encontrar formas de valorizar estes serviços. Desde a retenção de carbono e regulação do ciclo hidrológico até à preservação da biodiversidade e serviços sociais e culturais ligados ao montado, bem como o facto de ser uma paisagem de alto valor turístico.
A cortiça voltou a estar na ordem do dia. O aumento em 150 milhões de euros das exportações, a uma média de 7% ao ano, nos últimos 3 anos, é uma prova disso. A APCOR, Associação Portuguesa da Cortiça, acredita que estes resultados são fruto do sucesso da campanha internacional Intercork que foi desenvolvida entre 2010 e 2011, nos principais mercados do setor como França, EUA, Itália e Alemanha. Uma campanha que arrecadou 11 prémios internacionais, dez na Europa e um nos EUA. Segundo a APCOR, gerou mais de 9 mil notícias em meios como imprensa, online, TV e rádio.
Para João Rui Ferreira, Presidente da APCOR, depois de a indústria ter sofrido no início do milénio a ameaça da TCA (molécula responsável pelo cheiro a mofo nos vinhos), as empresas do setor investiram em tecnologia e inovação, mostrando que souberam fazer “ um trabalho de casa bem feito, conseguimos voltar ao mercado em força, estabilizar o nível de exportações, aumentá-lo significativamente desde 2009 e aparentemente todas as condições estão criadas para a que a cortiça possa continuar este caminho”.
A Corticeira Amorim investe 5 milhões de euros anuais em investigação, desenvolvimento e inovação. A líder mundial na produção de cortiça tem vindo a implementar soluções tecnológicas de análise e tratamento da matéria-prima que beneficiam todo o setor. Investe também em projetos com designers de renome internacional para estimular o aparecimento de novas aplicações.
Quercus e Corticeira Amorim importam rolhas para reciclar
A sustentabilidade da indústria da cortiça passa também pela possibilidade de conseguir reciclar toda a matéria, que volta ao processo fabril, não para produzir novas rolhas, mas para ser incorporada em novas aplicações, entre outras, revestimentos, pisos e isolamentos. No entanto, a quantidade reciclada em Portugal é mínima e a Quercus, em parceria com a Corticeira Amorim, decidiu alargar esse projeto de recolha a nível internacional. O processo não foi fácil, mas a Associação Nacional de Conservação da Natureza, tem finalmente as condições legislativas necessárias para começar a importar rolhas usadas de países como França e Alemanha. Segundo a Quercus é importante divulgar no estrangeiro que a rolha de cortiça é um vedante natural que é passível de ser reciclado.
Desde que a Quercus, em parceria com a Corticeira Amorim, e em conjunto com os hipermercados Continente, começaram a campanha de recolha em Portugal, já foram recicladas 160 toneladas de rolhas, qualquer coisa como 35 milhões de rolhas.
Não perca esta reportagem, já este sábado às 14h30 e domingo, às 10h30 e 16h30, na SIC Notícias.
Comentários (0)