Desde 1910 o nosso regime passou a ser Presidencialista assentando na figura do Presidente da República como figura máxima de representação da nação Portuguesa. Desde então a associação às iniciativas designadas de “presidenciais” tomaram uma relevância institucional de elevado valor, tal como na época da monarquia o eram quando associadas à Casa Real.
Literalmente atravessando estes dois regimes, o comboio real/presidencial serviu reis e rainhas e mais tarde presidentes e outros chefes de estado a bordo das suas requintadas carruagens adaptadas para poderem ser uma autêntica embaixada do símbolo máximo nação a circular pelo país.
Construído em 1890, o comboio serviu regularmente até 1970 ano em que foi retirado e circulação, tendo sido em 2010 restaurado e exibido no Museu Nacional Ferroviário como a “mais emblemática peça da nossa história ferroviária”.
Foi neste estado de peça museológica que Gonçalo Castelo Branco se cruzou com esta jóia circulante do nosso país. E daqui Gonçalo tem o mérito de fazer história, pois depois de décadas de utilização ao serviço da nação e de alguns anos em espaço Museológico, percebeu que se poderiam juntar mais dois ingredientes únicos – as mais belas das paisagens do Douro e o mais saboroso paladar da gastronomia contemporânea.
Ao célebre ditado “o que é belo é para ser visto” Gonçalo tirou as carruagens do Museu e num desafio, certamente, elevado colocou, de novo, ao serviço da Nação as tão belas e únicas carruagens. Só que desta vez não foram os reis, rainhas ou chefes de estado os passageiros deste Comboio, mas sim portugueses e imensos estrangeiros que ao longo já de 3 edições têm vindo a usufruir das mais requintadas iguarias confecionadas por chefes de renome, em cima dos carris da bela e classificada linha férrea do Douro, de São Bento à estação do Vesúvio em pleno Douro Património Mundial.
Se durante décadas serviu a nação e a sua projeção nacional, o comboio Presidencial serve agora o nosso país para se projetar internacionalmente seja através dos multinacionais passageiros seja através das inúmeras notícias em meios internacionais da CNN aos guias Lonely Planet.
Não é comum as peças de Museu ganharem vida; normalmente, se são de Museu, é porque marcaram uma época passada, são alvo de algum estudo e admiração no presente mas raramente se projetam para além desse tempo.
O mérito da equipa do “The Presidential” é ter trazido a peça do passado para o presente e com o seu conteúdo gourmet trouxe-lhe a contemporaneidade que tanto encanta e cativa as sociedades. Conseguiu, por isso, criar uma marca assinável que coloca nos carris do Douro a imagem do país que queremos ser: orgulhoso do seu passado, confiante no seu presente e diferenciador no seu futuro.
Estou certo que se todos os operadores turísticos atuaram com esta estratégia, Portugal não corre o risco de “sair de moda” porque o que aconteceu com “The Presidential train” não foi criar moda, foi criar estilo, diferenciação e unicidade; e é esta unicidade que mais valor pode criar para o nosso país e que tem o capital para não sair de moda.
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