A frase com a qual dei título a este texto poderia bem demonstrar o estado de espírito do consumidor Português nos tempos que correm. A conjuntura económica adversa para as empresas e para as famílias tem modificado, de forma drástica, a forma como os consumidores reagem às promoções ou benefícios associados a compras.
Vivemos anos em que, sob o mote da fidelização, se construíram complexos e onerosos programas de fidelização assentes em benefícios diferidos e, muitas vezes, cruzados com outros produtos e vantagens em parceiros dos programas. O consumidor aceitava este “contrato” e mantinha-se pacientemente, ao longo de largos meses, na acumulação de visitas e compras, materializadas em pontos, e catálogos e promoções dos pontos e cartões para acumular, blá, blá, blá… ufff, cansa só de descrever… quanto mais de aderir… ninguém mais tem paciência para aguentar anos de compras e pontos para conseguir um secador de cabelo!!!
Numa sociedade em que o imediatismo é rei, os modelos atrás descritos morreram porque o consumidor quer os seus benefícios já, no momento da compra, no momento da decisão porque (parafraseando Keynes) “In the long run we are all dead”. Não precisando de nenhum argumentário de Teoria Económica como suporte, o consumidor sente que o longo prazo está instável, não sabe o que pode acontecer e por isso quanto mais conseguir poupar já, no dia-a-dia, melhor.
O comportamento dos consumidores sempre foi assim…consumidores com menos recursos financeiros tendem a gastar mais no curto prazo do que a poupar, pois sentem que a compensação relativa que têm da poupança face ao gasto não compensa o não usufruto do que deixou de consumir. Esta atitude transposta para a realidade atual faz com que os consumidores prefiram sempre propostas de valor que lhe permitam um benefício imediato e simples face a benefícios diferidos e complexos.
O “boom” verificado nos consumos em Outlets, o sucesso das companhias aéreas ”low cost”, a batalha a que se assiste na distribuição moderna em torno dos cortes imediatos de preço, entre outros casos, isto comprovam.
Hoje assistimos a uma inversão dos tempos, pois antes de gastar €1 o consumidor quer a sua compensação e é em função disso que faz as suas escolhas. Estes são os modelos vencedores dos tempos que correm e na cabeça dos consumidores já só existe um pensamento…“quero o meu desconto, já!!!”
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