Regressei a Vallée de Joux, passados uns anos desde a primeira visita. Desta vez, o berço da alta-relojoaria suíça estava frio, cinzento mas com aquele encanto que nos faz de imediato pensar na história desta indústria, nos invernos rigorosos e no isolamento que levaram os habitantes locais a dedicarem o seu tempo às complicações relojoeiras.
Séculos depois, este continua a ser um mundo à parte. Um mundo em que o tempo é outro. Na manufatura da Jaeger-LeCoultre, uma das marcas aqui nascidas e um dos nomes incontornáveis quando se fala de relojoaria suíça de alta precisão, vestimos batas brancas e seguimos a cadência da visita, que nos leva de atelier em atelier. “Bonjour” dizem-nos nos corredores, “Bonjour” dizem-nos no elevador, “Bonjour” dizem-nos…
Regressamos no ano em que a marca suíça celebra o 85º aniversário do icónico Reverso, o modelo criado em 1931 com a caixa reversível que permitia proteger o relógio durante os jogos de polo. E numa altura em que a marca sente que é preciso mostrar mais ao mundo o seu próprio mundo.
Até porque o mundo está diferente, mesmo para uma indústria de luxo como esta. E como o diretor artístico Janek Deleskiewicz me contava, um dos desafios será comunicar mais. “É preciso compreender esta indústria, são peças pequenas e caras, temos que ser menos fechados sobre nós próprios, e mostrar quem somos, como trabalhamos e o que fazemos aqui. E temos que oferecer sonho, imaginação e a possibilidade de imaginar um mundo melhor…”
Um desafio numa indústria tradicional e habituada ao seu natural recolhimento. Diz-se que o tempo é precioso e será ele, que a seu tempo, nos dirá como a alta-relojoaria se irá adaptar.
Nota: Porque estou habituada a escrever para imagens nas minhas reportagens, resolvi editar um vídeo com algumas das imagens que captei durante a visita com o meu smartphone.
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