Em muitas conversas que tenho tido nos últimos anos com empresários e gestores surge invariavelmente a questão de como é que nós (a empresa) podemos entrar “nessa coisa” do mundo digital. E invariavelmente chegamos à mesma conclusão de que não há um mundo digital e um mundo real, separados e quase desligados um do outro mas apenas o mesmo mundo de sempre, isto é, as mesmas pessoas, os mesmos negócios, os mesmos problemas. Simplesmente temos novas (e não necessariamente melhores) formas de interagir e lidar com os temas de sempre, recorrendo às tecnologias que a era digital nos trouxe.
Vem isto a propósito de uma guerra antiga que teve novos contornos recentemente, relativamente ao negócio dos táxis e carros de aluguer. Em Seattle, uma das primeiras cidades onde empresas como a Uber e a Lyft lançaram os seus serviços de transporte on-demand, foi decidido esta semana limitar o número de veículos disponíveis por plataforma a 150, reduzindo significativamente a capacidade de resposta à procura dentro da cidade que estas plataformas já ofereciam. Independentemente das razões que assistem as partes (concorrência desleal das plataformas que não têm que seguir os mesmos regulamentos que os taxistas e lock down do mercado por parte dos taxistas que não permitem a entrada de mais concorrentes) estamos perante um caso em que se investe mais tempo e energia nos tribunais do que em melhorar os serviços que cada uma destas empresas presta em favor do cliente final e obviamente do desenvolvimento do mercado. Nem sempre será possível um entendimento entre todos os stakeholders mas parece claro que aqueles que conseguirem juntar o know-how das empresas “tradicionais” que têm um conhecimento muito detalhado e de vários anos de um determinado mercado, com as competências destas novas empresas OTT que conhecem como ninguém a tecnologia e a forma como os consumidores hoje interagem nos novos meios digitais conseguirá seguramente uma vantagem competitiva sustentável face a todos os outros players no mercado.
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