Ideias: o despertador.
Acredito que as pessoas (começa-me a aborrecer a palavra consumidores) já não estão apenas em frente da televisão. O meu, o nosso trabalho pode chegar às pessoas nos festivais, nas ruas, nos teatros, nos bares, nos estádios, nos aeroportos, nos semáforos, no topo de uma montanha ou no edifício abandonado na cidade. Mas o desafio mais complexo é: captar a sua atenção. Aí acredito naquilo que sempre acreditei. Nas ideias. São elas que rompem e estabelecem a ligação.
A batalha contra o tempo.
Acredito que hoje a moeda de troca mais importante entre marcas e pessoas é o tempo. Elas não têm tempo para nós. O tempo está como o orçamento das famílias: muito contado. Acredito que o nosso trabalho é desimportante para elas. As pessoas só aceitam a transacção que propomos se do outro lado estiver brilho e pertinência. Essa é a moeda de troca. Já não existem agentes passivos. Ou há interesse na transacção ou então seremos mais um pregador a falar para uma sala vazia.
As pessoas também são media. Gratuita.
Acredito em comunicação que ultrapasse a barreira do seu próprio espaço. Que seja geradora de notícia. Sejam agarradas pelos jornalistas ou pelos novos jornalistas: as pessoas. Elas hoje também são cronistas e repórteres. Acredito na comunicação que gera a partilha. Que se multiplica. Genuinamente.
As marcas geradoras de conteúdos.
Acredito que a mudança é uma fatalidade. Nos anos 70 Portugal possuía dois canais de televisão. 20 anos depois chegámos aos 100 e com a aparição da televisão digital serão no futuro mais de 1000. De onde sairá o dinheiro para tantos conteúdos? Das marcas. Acredito que as marcas vão fazer parte do negócio do entretenimento. Acredito que as marcas vão ganhar dinheiro com a sua própria publicidade – produtos próprios, licenças, direitos patrimoniais. Acredito que há um paradigma neste negócio que vai acabar: a publicidade não é um gasto é um investimento.
As agências de conteúdos.
Acredito que no futuro que as agências de comunicação (todos nós) serão agências de conteúdo total. Conteúdos de toda a espécie. Para meios existentes e normalizados ou para meios que se criam propositadamente para uma ideia. Acredito que a agência do futuro será um espaço aberto com especialistas capazes de fazer o que for preciso fazer para estabelecer uma conexão entre marcas e pessoas.
A verdade é tudo
Acredito também naquilo que as pessoas acreditam porque antes de ser um publicitário sou uma pessoa. Acredito na verdade. Hoje, não há espaço para tretas publicitárias. Para umbiguismos. Diz o que queres. Envolve as pessoas. Mas sê verdadeiro. Sê tu. Com a tua personalidade e carácter. As grandes marcas são acima de tudo isso, grandes verdades.
Conclusão: Acredito para conquistarmos o tempo das pessoas temos que criar ideias vibrantes geradoras de partilha, apoiadas numa verdade. Acredito que as agências têm que ter estruturas capazes de accionar conexões ilimitadas porque somos geradores de conteúdos.
A verdade, na sua simplicidade, é o elemento congregador que une tudo o que acredito. Há que procurá-la em cada tarefa que temos pela frente. A verdade está na vida das pessoas, no trabalho, nas casas, na rua, nas notícias. É ela que alimenta uma boa estratégia, um bom insight. Acreditem foi a verdade que alimentou o extraordinário trabalho de Bill Bernbach ou de David Droga. A verdade. Procurem sempre a verdade. Acreditem nela. Acreditem.
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