Recordo-me de, há uns anos, o país abrandar pela hora de almoço de Domingo para assistir em directo às provas do mundial de Fórmula 1 atrás dos desempenhos de Alain Prost, Ayrton Senna, Damon Hill, Michael Schumacher, Nelson Piquet, Nigel Mansell entre outros.
Eram frequentes, também, as tardes de Sábado ocupadas pelas transmissões dos jogos da NBA onde ao longo de muitas semanas se seguiam os desempenhos de Michael Jordan, Scottie Pippen, Magic Johson, Carl Malone entre muitos outros ídolos.
Não havia semana em que não se passasse algum facto relevante com uma das Top Models das décadas de 80 e 90… Claudia Schiffer, Naomi Campbell, Elle Macpherson, Kate Moss, Helena Christensen, Linda Evangelista, Cindy Crawford entre outras desfilavam pelas passerelles e pelas televisões do nosso país com elevada frequência.
Ivan Lendl, Boris Becker, André Agassi, Pete Sampras, John McEnroe, brilhavam de torneio em torneio, de duelo em duelo que nos prendiam nas finais de Domingo à tarde frente ao televisor para ver as finais de Wimbledon ou Roland Garros.
Por contra-ponto, no Futebol, tirando as finais das competições europeias, eram raras as transmissões televisivas e quando existiam eram de jogos menos interessantes.
Ou seja, nos anos 80 e 90, mercê de uma maior massificação de conteúdos diversos em canal aberto, a nossa sociedade era mais dispersa nas figuras públicas que seguia e, por sua vez, estas figuras eram em maior número e de áreas mais distantes entre si, como a moda ou a Fórmula 1.
Com a proliferação dos canais codificados e com a crescente segmentação dos conteúdos por canais específicos em detrimento dos mais generalistas assistiu-se a uma redução do número de ídolos mundiais dada a maior dificuldade em acompanhar as suas actividades com a regularidade de outrora. Por outro lado do muito pouco, ou quase nada, emergiram as transmissões televisivas de futebol que, quer em canal aberto quer em canais codificados, ocupam horas e horas de transmissões todos os dias da semana.
Por tudo isto creio que podemos concluir que nos anos 80 e 90 se produziram mais e melhores ídolos e a prova disso é que muitos deles são, ainda hoje, as maiores referências das suas áreas. Se me perguntarem hoje quem tem feito mais pontos na Fórmula 1, ou quem são os MVP da NBA, ou quais são as TOP Models mais bem pagas ou os ídolos de Wimbledon ou Rolland Garros confesso que só me recordo de Federer e Nadal no ténis, de Gisele Bundchen na moda, de ninguém na NBA e, no futebol os mega-fenómenos Ronaldo e Messi.
Hoje, as marcas e os Marketeers terão certamente muito mais dificuldade em encontrar referências tão fortes como as que existiam nesses anos passados e pelo contrário, os que existem actualmente, são maiores e mais globais, tornado-se por isso mais inacessíveis pelos custos de contratação associados.
O que hoje assistimos é ao facto dos ídolos do passado serem ainda os ídolos do presente e projectando um pouco para a frente tenho dificuldade em perceber, nestas áreas, quem serão dos ídolos do nosso presente, os que ficarão para o futuro…
Excelente reflexão. Embora não sendo Marketeer partilho do mesmo sentimento. A juntar a esta dispersão junta-se uma quantidade massiva de informação que surge ininterruptamente e que me dá a sensação que alguma coisa me escapa. Pouco focus, muita dispersão.