Eu observo, tu observas, ele observa.

25 de setembro de 2014

Eu observo, tu observas, ele observa.

Miguel Rangel, Director-Geral NUTRE Ind. Alimentares

Não é de hoje que se anunciam transformações no panorama da imprensa nacional face à crescente presença e importância dos órgãos de comunicação social digitais.

A morte anunciada dos jornais e revistas impressos foi, porém sucessivamente adiada, prolongada e já será por muitos até questionada. É um  facto que apesar da oferta digital “on time e always updated” estar cada vez mais forte as publicações impressas mantêm o seu rumo, certamente com maior dificuldade do que há uns anos atrás, mas quem não se debate hoje com essas dificuldades?

Casos como a Newsweek que em 2012 cessou as suas edições impressas para passar a ter apenas edição digital fizeram temer o pior para a media impressa, mas não a derrotaram.

Na minha opinião esta resiliência dos títulos impressos não se deve apenas a mérito destes; é bem certo que terão grande parte das responsabilidades, porém creio que uma boa parte desta morte anunciada mas não concretizada seja dos próprios suportes digitais de informação e da forma como não conseguiram, ainda, ocupar o espaço dos meios impressos.

Na grande maioria dos casos, a media online é uma extensão das versões impressas às versões online, tirando partido das estruturas redatoriais já existentes. A estrutura parecia lógica e até eficiente e por isso o acesso começou por ser gratuito. Cedo se percebeu que estas extensões custavam dinheiro e não eram sustentáveis por isso a evolução natural foi comercializar os acessos vendendo assinaturas, ao mesmo tempo que a tecnologia evoluía muito rapidamente dos telefones e Pcs para os tablets permitindo leituras bem mais confortáveis e próximas das do papel.

E assim vimos jornais como o Público, Jornal de Negócios e Expresso a ter a maioria dos seus conteúdos online apenas acessiveis por via do pagamento de uma assinatura; e o modelo parecia caminhar para a harmonia e sustentabilidade económica.

Eis senão quando surge o Observador que, na minha opinião, é o primeiro meio de comunicação a conseguir verdadeiramente ser digital e por isso a ser uma ameaça para os outros meios. O Observador tem o mérito de abrir o olho num reino de cegos pois conseguiu ser verdadeiramente inovador numa época em que tudo parecia estar já inventado no contexto dos meios digitais nacionais. Porque isto terá acontecido? Porque conseguiu com sucesso fazer dos seus touchpoints com os leitores verdadeiras pérolas da comunicação one 2 one.

A newsletter 360º de David Diniz pela manhã arrasa qualquer banca de jornais porque, de facto, enquanto dormimos muita coisa acontece e tal como o pequeno almoço também o primeiro noticiário da manhã é a refeição de noticias mais importante do dia…

Diniz conseguiu captar a atenção do leitor e porquê? Porque o texto é curto, é objectivo, é simples e com linguagem acessível tal como se deve ser quando se envia um mail a um amigo às 9h00 da manhã. Diniz faz a síntese da noite que passou, os highlights que a restante media publicou e ainda projecta o dia que começa sem deixar de passar uma ou outra curiosidade que qualquer pessoa gosta sempre de saber – qual pequeno chocolate junto ao café da manhã.

E o dia passa e o Observador evolui com as noticias sempre activas com o mesmo espírito de objectividade singular. A tarde termina com a “hora de fecho” onde em rápidos resumos se percebe o que de mais importante se passou…mas do dia não termina aqui…pelas 20h00, José Manuel Fernandes remata a jornada com o Macroscópio onde com a qualidade que lhe é reconhecida desenvolve um tema de fundo que tem marcado a actualidade.

Este jornalismo é feito para todos aqueles cuja vida não permite comprar e ter tempo para ler jornais. Este jornalismo não tem pejo em navegar pelos outros meios e fazer nos seus textos “links” às noticias dos seus concorrentes; tem ainda a vantagem de potenciar a media de hoje – com som, imagem, cor – e acima de tudo é aberto e gratuito.

Neste cenário o modelo dos conteúdos pagos está de novo ameaçado, por muito que isto custe a quem recentemente investiu nesse caminho.

Todos nós queremos mais informação, mais rápida, mais actual e fidedigna e isso é que o Observador nos oferece – voou mais alto e terá visto mais longe…Bem visto…

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