Emoção. No quotidiano que marca a vida nos tempos modernos, passamos grande parte do tempo à procura de adicionar esta palavra ao nosso dia-a-dia.
Andar em montanhas russas, praticar desportos radicais, viajar para países com outras culturas, viver uma grande paixão, ou simplesmente, sair à noite e voltar apenas de dia sem grande consciência sobre o que se passou, são tudo formas que encontramos para ir buscar aquela emoçãozinha extra que nos permite dizer que aquele dia, aquela hora, aquele minuto, aquele momento, foi um momento intenso. Admitamos. Nós seres humanos estamos desenhados para sentir. Nós gostamos de sentir. Nós somos viciados em sentir as nossas emoções a fluir no sangue. E temos um leque variado de emoções ao nosso dispor. Alegria, amor, paixão, compaixão , empatia, euforia, desejo, ansiedade, raiva, medo, melancolia, nostalgia, orgulho, remorso, repugnância, etc.
O cinema é pródigo em nos fazer passar por diversas emoções num curto espaço de tempo. E quem diz cinema, diz vídeo. Em todas as suas formas e feitios, vistos numa sala de cinema, em casa na televisão, no ecrã do computador, tablet ou smartphone. O vídeo, é talvez a forma mais fácil que hoje temos ao nosso alcance para, numa questão de segundos, ter acesso a uma dose compactada de emoções.
Cada vez queremos ver mais e quantos mais vemos, mais queremos. Criados por artistas, outras pessoas ou por marcas, não importa, desde que tenham a capacidade de nos fazer disparar as emoções.
Associado a este kick de emoções, vem um efeito colateral muito interessante: Memorização. Está provado que nós tendemos a memorizar melhor e de uma forma mais duradoura, as experiências que nos provocaram uma forte emoção.
A publicidade desde cedo entendeu este fenómeno. E com o aumento exponencial do consumo de vídeos, não é por isso de admirar que no âmbito da comunicação, hoje se fale tanto de storytelling, branded content e outros anglicanismos que implicam a produção de conteúdos em formato de vídeo.
Acontece que este caminho, que na minha opinião faz todo o sentido, tem uma implicação: Em cada passo que se dá, tem que se ir cada vez mais longe.
Há um elemento fundamental que tem de estar sempre presente quando se quer fazer despoletar uma emoção em alguém. Esse elemento é a novidade. Ninguém consegue sentir uma emoção forte quando assiste a algo pela enésima vez. E tal como qualquer outro viciado, para continuar a sentir emoção quando vemos mais um vídeo, este precisa de trazer algo novo, mais potente, para nos fazer sentir aquele arrepio na espinha que tanto gostamos. É por isso que por exemplo no cinema, os filmes de acção têm de ter cada vez mais explosões, as histórias de amor têm de ter barreiras cada vez mais aparentemente intransponíveis, e os filmes de terror têm de ter mais sangue.
Quando uma marca está a desenhar a sua estratégia de conteúdos e storytelling, também tem de ter em atenção que vai ter de fazer as coisas em crescendo e em competição permanente com todos os outros tipos de conteúdos disponíveis.
Foi a pensar nisso que a agência Leo Burnett de Londres fez a campanha de prevenção se-beber-não-conduza, que vos mostro em baixo, para o Departamento de transportes de Londres.
Nota: antes de continuar a ler, aconselho fortemente a ver primeiro o vídeo
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=YJDsH64sqNY#
De referir que o vídeo foi feito com actores, embora estes não soubessem o que ia acontecer. Houve receio que se a acção tivesse sido feita efectivamente num Pub, pudesse dar origem a ataques cardíacos… no entanto é publicitada como tendo mesmo sido feita em Pubs e os apanhados serem pessoas que beberam um ou outro copo a mais.
Se virem o vídeo no youtube, vão perceber que há uma variedade enorme de comentários, uns positivos, outros nem por isso. A grande critica feita é que este tipo de acções leva longe de mais a passagem de uma mensagem. Será?
Será que campanhas como esta vão longe de mais ou estão simplesmente a elevar a fasquia para o nível necessário, que nos faz hoje sentir uma forte emoção e assim recordar melhor a mensagem?
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