Estaremos assim tão longe da ficção científica quando falamos da alimentação do futuro? Chegaremos ao momento em que ingerimos apenas cápsulas com os nutrientes que necessitamos, abdicando de todo o processo emocional que associamos ao ato de comer? Num momento em que o património gastronómico é um dos principais ativos de atração para o nosso país e, em simultâneo, enfrentamos desafios importantes do ponto de vista da educação alimentar de todas as gerações – desde a promoção de hábitos alimentares saudáveis aos próprios estilos de vida que nos permitam ter uma alimentação mais equilibrada e de acordo com o efetivamente necessário – importa perceber que soluções o setor agroalimentar está a desenvolver.
Quando falamos no futuro da alimentação estamos, sem dúvida, a falar sobre quem come, o quê e como. A oportunidade de acesso à alimentação é díspar e o debate público sobre a inovação da produção, transformação e distribuição no setor agroalimentar é determinante para reduzir as enormes limitações que afetam a população mundial, tanto para a redução da fome (805 milhões sofrem de fome crónica em todo o mundo, FAO) como para o aumento da sustentabilidade alimentar.
A aposta em novas soluções que contribuam para melhorar o futuro da alimentação, relacionadas com inovação e desenvolvimento de novos produtos, distribuição no mercado, programas de sensibilização e novos processos serão fatores-chave de resposta aos atuais e futuros desafios. Deixaremos de consumir os alimentos como os conhecemos hoje e teremos novos produtos – substituição de alimentos, novas proteínas, novas formas de cultivo – e formas de consumo.
A inovação na alimentação, desde o campo ao prato, onde a alimentação e a tecnologia se encontram. Além da inovação ao nível do produto, também a importância do desenvolvimento tecnológico para a alimentação, através de investigadores e demais meio académico, é determinante para a sustentabilidade do setor agroalimentar. Processos mais eficientes, que produzam menor desperdício e, ao mesmo tempo, elevada (re)utilização de todos os recursos implicados são desafios que, com a realidade que conhecemos – até 2050 seremos mais 2.5 milhões de pessoas no planeta e a certeza é que, com o que sabemos hoje, será muito complicado alimentá-las.
Por outro lado, e considerando o processo produtivo, é fundamental perceber e agir sobre o impacto no Ambiente e, por outro lado, o impacto que o ambiente tem no processo produtivo: uma espiral de desafios dos sistemas globais de alimentação. Quais são estes impactos e que sistemas são necessários agora e no futuro para criar um futuro da alimentação que seja seguro, sustentável e justo?
Biodiversidade da agricultura, a importância dos sistemas de produção rurais e a criação de resiliência na alimentação, produção de sistemas agrícolas em torno de um futuro ecologicamente mais sustentável são temas determinantes que nos acompanharão no futuro próximo e durante alguns anos.
O futuro da alimentação não é certo… mas a sua definição passará certamente por repensar o uso da terra e da água e das novas ferramentas de inovação, para que possam transformar a (in)certeza da (in)disponibilidade dos recursos do planeta num futuro mais sustentável, seguro e, sobretudo, igualitário.
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