Há uns dias atrás o mundo foi apanhado de surpresa com a renuncia do Papa Bento XVI das suas funções líder máximo da Igreja Católica. Não quero neste espaço elaborar sobre as razões que o terão levado a tal decisão, nem tão pouco sobre os impactos e consequências da mesma, pretendo apenas reflectir sobre o tema do ponto de vista do Marketing.
Na minha opinião trata-se de um excelente exemplo de gestão de comunicação e até de gestão de marca senão vejamos.
A especulação sobre a saúde do Sumo Pontífice já há algum tempo alimentava dúvidas sobre a possibilidade do mesmo desempenhar as suas funções no pleno das suas capacidades, no entanto, a história falava mais alto e reforçava com os 262 papas que precederam Bento XVI e que terminaram os seus pontificados apenas com a sua morte.
Os momentos de mudança de Papa foram sempre de elevado pesar para a Igreja Católica e, ao mesmo tempo, de grande nostalgia para os crentes; bem sei que, certamente, unia os que ficavam em torno da lamentação pela partida do seu líder, porém, trazia a Igreja para as noticias pela perspectiva da morte, ou seja, o lado mais negativo da vida. No contexto mediatizado em que hoje o Mundo se rege, não creio que fossem momentos positivos para fé cristã e por isso seriam sempre bom minimizá-los.
A decisão de Bento XVI salta por cima de tudo isso e coloca a Igreja católica numa situação nova na sua história. O anúncio do Papa teve ainda o pequeno, grande, detalhe de agendar a sua renúncia para um dia exacto, e foi ao ponto de fixar uma hora para tal – 20h00.
Iniciado o countdown para o grande momento, Bento XVI terá a oportunidade de gerir a sua saída como nenhum seu antecessor o teve e, só por isso, já tem o seu lugar na história. Certamente que, para a sociedade mediática, este conteúdo é muito, mas mesmo muito apetecível – o Papa que sai, mas não desaparece; um novo nomeado mas que conviverá com o que sai; o dia 28 Fev. às 20h00; o célebre fumo branco que sairá da chaminé do fogão da capela Sistina; o “habemos papa” que alguém anunciará”, enfim…aparentemente situações de “dejá vue” com uma grande e fundamental diferença – Bento XVI estará cá para ver e com isso a igreja transforma um momento históricamente de pesar pela morte num momento de celebração da vida.
Bons tempos se viverão pelo Vaticano; sem dúvida uma boa gestão comunicacional da Igreja e de Bento XVI e, porque não, um excelente exemplo de renovação. A Igreja renova-se de dentro para fora e dá por isso sinais de vitalidade e responsabilidade. Não há lugar ao vazio, à incerteza.
Com esta mudança a Igreja renova-se e ao contrário do que aconteceu com João Paulo II, não vai chorar a sua partida mas antes celebrar, em conjunto com Bento XVI, a chegada do seu sucessor.
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