No dia 10 de outubro de 2013, APCO Wordwide revelou as marcas mais amadas no mundo e as emoções que vinculam as pessoas a elas: admiração, orgulho, empoderamento, identificação, compreensão, aproximação, curiosidade e relevância.
No dia 19 de outubro de 2013, comemoramos o centenário do nascimento de nosso Grande Poetinha Vinícius de Moraes. Um dos maiores nomes de nossa cultura, que viveu a poesia, o amor, a música, a vida! A emoção estava em seu sangue e em sua alma. O Embaixador do Brasil (título de Ministro do Exterior, dado 30 anos depois de sua morte, em 21 de junho de 2010, corrigindo um erro brutal e preconceituoso da Ditadura Militar Brasileira) sempre soube compreender o outro, dar-lhes poder e dignidade, agradecer, estava sempre próximo e, por isso, era relevante para as pessoas, provocava a curiosidade, a identificação, a admiração… enfim, era um orgulho de tê-lo por perto, seja pessoalmente ou por suas obras. Como exemplo, podemos citar um dos momentos vividos pelo poeta em terras portuguesas: após um concerto, estudantes salazaristas queriam protestar contra ele que, diante dos manifestantes, declamou a Poética I conquistando-os, transformando a manifestação negativa em uma homenagem académica.
O que esses dois eventos tem em comum?
A história de Will, contada por Lindstrom (2007), pode esclarecer a ligação. Will era um apaixonado pela marca Gucci a ponto de tatuá-la em seu corpo. Entretanto, a desilusão com a marca o levou à dolorosa decisão de removê-la, pois ela não fazia mais sentido em sua vida.
A conquista (do público) e a morte da paixão (pela marca) podem ser poeticamente traduzidos pelos Soneto de Fidelidade e Soneto de Separação.
Na fase da conquista: atenção, elogios, paixão, próximo, compartilhar, significar…
Soneto de Fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
Na fase da morte da paixão (ou da eutanásia da marca): evasivo, sem tempo, sem emoção, não compartilha (não há mais nada em comum, nem ideias nem sentimentos), nada mais significa.
Soneto de Separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Depois da separação, Gucci sentiria a falta de Will?
Onde anda você
E por falar em saudade
Onde anda você
Onde andam os seus olhos
Que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou morto
De tanto prazer
E por falar em beleza
Onde anda a canção
Que se ouvia na noite
Dos bares de então
Onde a gente ficava
Onde a gente se amava
Em total solidão
Hoje eu saio na noite vazia
Numa boémia sem razão de ser
Na rotina dos bares
Que apesar dos pesares
Me trazem você
E por falar em paixão
Em razão de viver
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares
Na noite, nos bares
Onde anda você
Seria possível Gucci reconquistar Will?
Chega de Saudade
Vai, minha tristeza
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade
A realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim
Não sai
Mas se ela voltar
Se ela voltar
Que coisa linda
Que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços os abraços
Hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim,
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio
De você viver sem mim
Não quero mais esse negócio
De você longe de mim…
Vamos deixar desse negócio
De você viver sem mim…
Talvez fosse possível ter uma receita para viver um grande amor (com a marca).
(…)
Para viver um grande amor, é muito
Muito importante viver sempre junto
E até ser, se possível, um só defunto
Pra não morrer de dor
É preciso um cuidado permanente
Não só com o corpo, mas também com a mente
Pois qualquer “baixo” seu a amada sente
E esfria um pouco o amor
Há que ser bem cortês sem cortesia
Doce e conciliador sem covardia
Saber ganhar dinheiro com poesia
Não ser um ganhador
Mas tudo isso não adianta nada
Se nesta selva escura e desvairada
Não se souber achar a grande amada
Para viver um grande amor!
(…)
O Grande Poetinha tem muito mais para nos iluminar na arte do branding. Sugiro analisarmos o quadro dos vínculos emocionais da marca, proposto pela APCO Worldwide, ao som de Vinícius de Moraes, cem anos poesia e sem limites para a emoção.
Fontes e vínculos:
Foto Vinícius de Moraes: http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/
APCO WORLDWIDE: http://www.apcoworldwide.com/content/News/press_releases2013/emotional_linking1009.aspx
Embaixador do Brasil: http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/article.php3?id_article=1265
Agradecer: Samba da Benção http://www.youtube.com/watch?v=lUj7p5S_FZk
Lindstrom: http://www.martinlindstrom.com/books-by-martin-lindstrom/
Soneto de Fidelidade: http://www.youtube.com/watch?v=eHgU4ERc7Nc
Soneto de Separação: http://www.youtube.com/watch?v=Jp7LzhJEp3I
Onde anda você: http://www.youtube.com/watch?v=x787IgD-fQA
Chega de Saudade: http://www.youtube.com/watch?v=_uBYgnrchxA
Para viver um grande amor: http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/article.php3?id_article=997
Quadro: http://www.apcoinsight.com/methodologies/tools/el-model.aspx#.UlupoWCsbHw
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