Em Julho, tive a oportunidade de escrever um artigo, para o “Imagens de marca”, que intitulei de “A História de um Povo que Resiste. Imagem de Marca de um Território. O Centro de Portugal”. Na altura referi-me ao incêndio que atingiu em junho, o coração do Centro de Portugal, no território do Pinhal Interior. Esse foi um episódio negro da nossa história, e que todos esperávamos que fosse irrepetível. A verdade é que, quatro meses depois, a história voltou a pintar-se de vermelho e cinzento, e agora, ainda com maior gravidade.
As chamas voltaram a atingir, com particular violência, os concelhos da Lousã, Vila Nova de Poiares, Penacova, Mortágua, Arganil, Sertã, Oliveira do Hospital, Tábua, Oleiros, Pampilhosa da Serra, Seia, Gouveia, Figueira da Foz, Mira, Aveiro, Vagos, Santa Comba Dão, Viseu, Tondela, Vouzela, Nelas, Carregal do Sal, Alcobaça, Marinha Grande, Caldas da Rainha, Lourinhã e Óbidos, só para citar alguns dos que se situam na região Centro de Portugal. A Turismo do Centro iniciou, de imediato, uma “radiografia exaustiva” da situação. De acordo com o último balanço, contabilizam-se 59 municípios atingidos (mais concelhos do que todos os concelhos do Alentejo somados), 52 empreendimentos com danos materiais, 94 empreendimentos com cancelamentos, e 60 percursos pedestres afetados. A somar a tudo isto, há ainda um ainda um “rombo” na confiança dos turistas e operadores, em particular, no que se refere à “segurança” e à imagem do destino.
Desde o primeiro momento, a TCP agendou uma série de reuniões com municípios e com empresários, para que fosse possível, através do contato direto, e num primeiro momento, mostrar a nossa solidariedade e preocupação, mas, sobretudo, atestar os seus prejuízos (materiais e imateriais), bem como, as suas principais dificuldades. O objetivo: a construção de um Plano de Ação de Intervenção a curto, médio e a longo prazo. Mas fomos para estas reuniões já com soluções concretas para ajudar a resolver os problemas mais prementes, maioritariamente, relacionados com questões de tesouraria e de como fazer face a despesas imediatas (pagamento de salários, manutenção de postos de trabalho, cancelamentos de reservas,…). Nestas reuniões, para além da TCP, estão envolvidos a Agência Regional Promoção Turística do Centro Portugal, a CCDRC, o Turismo de Portugal e a Secretaria Estado Turismo, num trabalho em rede que pretende, sobretudo, ajudar. Ajudar, dando informações e apresentando soluções, da forma mais rápida e vigorosa.
Estão a ser negociadas com o Governo formas de compensar os prejuízos, relançar a economia do setor e traçar um plano de ação. São importantes as medidas de apoio à reposição da atividade turística e aos empresários do setor afetados pelos incêndios, já anunciadas pelo Governo. Podem, no entanto, revelar-se insuficientes, tendo em conta a dimensão desta realidade. Em particular, há municípios que não estão abrangidos, por exemplo, pelo Programa Valorizar para a Dinamização Turística do Interior, como são disso exemplo alguns concelhos do litoral que foram seriamente afetados pelas chamas: Mira, Vagos e Marinha Grande.
O Centro de Portugal tem no Turismo Natureza e Ativo um dos seus principais produtos turísticos. Em particular, a floresta, é um produto turístico fundamental. Cada vez mais visitantes acorrem a esta região, pelo apelo do turismo ativo. Vêm para se sentirem em comunhão com a natureza, para exercitarem o corpo e o espírito, através de caminhadas, de trekking, de passeios de BTT, de descidas de rios, sendo que, tudo isto acontece no seio das florestas.
E é, por tudo isto, que consideramos que, neste contexto, é fundamental a revisão da Estratégia 2027, tendo em conta o impacto dos incêndios em ativos diferenciadores, como a natureza e água. É preciso reposicionar a marca, trazer a realidade ao concreto da região, posicionar o Turismo Interno como fator de competitividade, o que obriga à revisão de todas as linhas de atuação.
A todos os portugueses, fica o convite: ajudar o Centro de Portugal, as suas populações, as suas empresas e empresários, é visitar e ficar! E acreditem, que vale e valerá sempre, muito a pena! Porque o Centro de Portugal é “a maior e mais diversa região turística” e porque não faltam argumentos, de força, para justificar esta visita: a diferenciação dos nossos empreendimentos turísticos, a qualidade da nossa gastronomia e vinhos, a riqueza ímpar do nosso património material e imaterial, a nossa história, a nossa cultura, as nossas tradições… E quanto à natureza, o verde prevalecerá, o azul também. Comprove por si! Visite o Centro de Portugal!
Pedro Manuel Monteiro Machado, Presidente da Entidade Regional Turismo do Centro de Portugal
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