As indústrias criativas vão além do papel fundamental da cultura e possuem um grande potencial económico, na geração de empregos e riqueza. Segundo o Departamento de Cultura, Mídia e Esportes (DCMS) do Reino Unido, são consideradas indústrias criativas as atividades “que têm sua origem na criatividade, na perícia e no talento individual e que possuem um potencial para criação de riqueza e empregos através da geração e da exploração de propriedade intelectual” (DCMS, 1998).
Em 2001, John Howkins agregou uma visão empresarial baseada nos conceitos mercadológicos de propriedade intelectual, na qual marcas, patentes e direitos de autor forneciam os princípios para transformação da criatividade em produto. No mesmo ano, Richard Florida apresentou um estudo sobre os profissionais que trabalhavam com processos criativos, os quais ele denominou de classe criativa, revelando suas características e seu potencial de contribuição para o desenvolvimento. Uma década depois (2008), a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) publicou o primeiro estudo de abrangência internacional sobre o tema, no qual mostrou que as exportações das indústrias criativas no mundo superavam U$ 500 bilhões (FRIJAN, 2012).
No Brasil, o Sistema FIRJAN – Federeção das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – lançou, em 2008, um estudo pioneiro no país: “A Cadeia da Indústria Criativa no Brasil”, que foi atualizado em 2011. A pesquisa traça um panorama das indústrias criativas no Brasil, com base nas estatísticas do Ministério do Trabalho e Emprego, para obter, além da visão sobre a cadeia produtiva, dados sobre os profissionais criativos. Este estudo revelou que:
Em 2011, 243 mil empresas formavam o núcleo da indústria criativa. Com base na massa salarial gerada por essas empresas, estima-se que o núcleo criativo gera um Produto Interno Bruto equivalente a R$ 110 bilhões, ou 2,7% de tudo o que é produzido no Brasil. Esses resultados colocam o Brasil entre os maiores produtores de criatividade do mundo, superando Espanha, Itália e Holanda. (…) Entre os segmentos, se destacou a cadeia da Moda que responde por quase 30% dos estabelecimentos (620 mil) da cadeia da Indústria Criativa no Brasil, atrás apenas do segmento de Arquitetura & Engenharia. Os números de emprego também chamam a atenção: a cadeia criativa da Moda, que mobiliza desde os designers de moda até os vendedores que levam o produto final ao grande público, emprega cerca de 1,2 milhão de pessoas, fazendo do setor o segundo maior empregador entre os catorze segmentos criativos. (…) A força do segmento de Moda brasileira também fica clara nos dados da Indústria Criativa: são mais de 44 mil profissionais contribuindo para a sedimentação do DNA da moda brasileira no competitivo mercado global (2012, p. 6, 9, 20 e 21) FIRJAN
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), o Brasil está na lista dos dez principais mercados mundiais da indústria têxtil, bem como entre os maiores parques fabris do planeta; é o segundo principal fornecedor de índigo e o terceiro de malha; está entre os cinco principais países produtores de confecção e é hoje um dos oito grandes mercados de fios, filamentos e tecidos. O mercado de moda no Brasil tem se tornado uma das áreas de maior crescimento, sendo considerado o segundo maior empregador no país – 1,65 milhões de pessoas; com mais de 30.000 empresas atuantes na área, representando 5% do Produto Interno Bruto – PIB.
A criatividade brasileira no desenvolvimento de produtos de moda tem chamado a atenção daqueles que investigam marcas. A Mormaii, por exemplo, inspirou-se na íris dos olhos de seus funcionários para criar a cartela de cores da coleção de inverno 2013. A expressão cultural das marcas brasileira está sempre em evidência, no SPFW e no Fashion Rio as marcas resgataram o trabalho artesanal e apresentaram propostas com materiais vindos da natureza, como a palha, a madeira, a cortiça e até mesmo o papel.
As semanas da moda têm um importante papel de promover as marcas brasileiras, não apenas para o mercado interno como também para o mercado externo, e estão sendo decisivas para consolidar a imagem da moda brasileira. São Paulo Fashion Week (SPFW) é considerada uma das maiores semanas de moda do mundo e é por ela que passam as principais marcas de moda do país: Alexandre Herchcovitch, Colcci, Ellus, Fause Haten, Forum, Osklen, Triton, Ronaldo Fraga, Reinaldo Lourenço, entre outras. No Fashion Rio (Rio de Janeiro), o destaque é a moda praia e as principais marcas são: Filhas de Gaia, Patachou, Oh Boy, Herchcovitch, Ausländer, Acquastudio, entre outras. Em Miami (2013), 19 marcas brasileiras de moda praia serão destaque nos eventos Mercedes-Benz Fashion Week Miami e Miami SwimShow.
Embora o setor textil brasileiro seja muito jovem, se comparada com a tradição milenar das indústrias têxteis da Europa e Ásia, a sua participação no mercado internacional tem crescido e se apresentado como um grande potencial, o que justifica os esforços da ABIT e da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que vêm treinando e capacitando as empresas para atuarem no comércio exterior. O que se espera é que o mundo conheça e consuma outras marcas da moda brasileira além da Havaianas.
Bom artigo Parabens… Agora devia ser feito o mesmo em Portugal pelo CItev
Bom artigo Parabens… Agora devia ser feito o mesmo em Portugal
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