No meu último artigo, coloquei a seguinte questão:
Deve a marca Y (em Portugal) copiar com orgulho, e implementar a acção de sucesso da marca X (nos EUA)?
Os argumentos a favor são evidentes: poupa-se em custos, pois não se tem que pagar a criatividade de uma agência, poupa-se tempo, pois não é preciso esperar que se tenha a ideia, e tem-se maior garantia de resultados pois trata-se de uma acção que já provou ter sucesso. Estes argumentos, num pais pequeno como Portugal, onde a falta de escala afecta tremendamente os budgets disponíveis, parecem ser esmagadores.
Há contudo duas consequências resultantes da adopção desta lógica.
A primeira é a subjacente aceitação de sermos pequenos e que sempre o seremos. Significa que não estamos a pensar em exportar conceitos e marcas. Ou, se o fizermos, não vamos competir pela distinção mas antes pelo preço, com todas as consequências que aí advêm em termos de margens e pressão sobre os recursos humanos. Eu não consigo aceitar este destino.
A segunda consequência é a de estarmos a contribuir para criar uma cultura nacional de cópia e promovermos a anulação da criatividade. E todos sabemos que os países que lideram, as empresas que maior sucesso têm, os profissionais que se destacam, são aqueles que percorrem os caminhos nunca percorridos antes. Claro que pelo caminho falham, pelo caminho tropeçam e a jornada pode ser um pouco mais demorada. Mas o prémio é um sucesso muito maior.
Não, o que Portugal precisa não é de ser um bom copiador. O que Portugal precisa é de assumir de uma vez por todas que faz parte do grupo dos países desenvolvidos e como tal, tem a oportunidade, mais, tem a obrigação de contribuir para o aparecimento do novo, do original, do diferente. E essa obrigação é a todos os níveis, especialmente na criação, desenvolvimento e comunicação de marcas.
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