Carta à GALP

25 de junho de 2012

Carta à GALP

António Mello, Publicitário

Querida Galp,

Desculpa tratar-te assim, mas quando gosto das pessoas ou das Marcas gosto de o fazer. E tu Galp, para mim és, e espero que continues a ser uma Marca querida de todos os portugueses.

Nem sei por onde começar.

Estou desiludido e não consigo entender o volte-face que fizeste na tua comunicação, ao saíres do território alegre e divertido incitando os portugueses a dar o máximo e a não se contentarem com pouco.

Depois do brilhante menos ais, menos ais,

e das vuvuzelas (menos brilhante)

espetas-nos agora com uma carta ?

Uma carta escrita pelo puto Guilherme (como começa por G deves ter sido tu a escolher o nome), com recados para os futebolistas, que têm que alterar em 2 ou 3 semanas a percepção com que nos reconhecem lá fora ?

Não percebo.

Claro que o poder do futebol é enormemente anormal, mas não exageremos. Aliás vê-se onde está a Grécia, os campeões europeus em 2004…

Diz o Gui (é mais cool), o seguinte, entre outras citações:

“Gostava de trabalhar em Portugal, mas só fico se valer a pena”…

(Eu diria que Portugal vale sempre a pena e para mim é o melhor país da Europa, para se viver, mesmo com todos os defeitos. Quem os não tem?)

“Mudar em campo a opinião que o mundo tem de nós. Não somos fracos e preguiçosos”. (Não conheço o estudo aprofundado que terá chegado a esta brilhante conclusão). “Não temos nada a provar mas há um futuro a defender”.

Minha querida Galp, só estes excertos davam tema para um “Prós e Contras”.

A História está cheia de cartas que fazem parte dela.

O poder de uma carta, está no seu conteúdo, na sua riqueza, na sua relevância e na sua Mensagem.

E qual a mensagem que fica deste filme?

Para mim, é que não passamos da cepa torta e que somos os coitadinhos do costume… e os eternos desesperados vítimas de diagnósticos malignos permanentes. E mais grave ainda, a campanha tem carga política, está em cima do momento e remete-nos para S. Bento e para palavras recentes do PM.

Pelo que li, terás dito às Agências que querias “uma campanha com uma abordagem diferente das anteriores”.

Diferente em quê ? No efeito ? Na criatividade ? Na onda contagiante de entusiasmo criada?

Se bem te lembras, tu e a tua agência puseram, em 2004 e campeonatos seguintes um país inteiro a cantar, uma música optimista, que puxava para cima e dizia verdades com graça e que ficou no ouvido e coração dos portugueses.

E que acima de tudo nos picava e nos fazia acreditar, mas sem a conversa da treta fatalista.

Esta campanha é piegas e abala o património de Comunicação da Marca alicerçado em energia positiva, optimismo e “boa onda”, construído nos últimos anos.

Era este o teu registo e tenho pena que o tenhas mudado.

Olha, minha querida Galp, eu tinha um CD com o “menos ais” em repeat e ouvia no carro durante o Euro 2004 com os meus filhos (da idade do Gui ) e este ano quero repetir a experiência.

Mas como deves calcular não vou levar a carta do Gui.

Mas não fiques triste.

O efeito empolgante, de longa duração da tua campanha de 2004, ainda está bem presente.

Enfim, jogamos esta quarta feira contra Espanha ou França e o que eu espero dos nossos jogadores é que marquem mais, joguem mais, suem mais… e que tragam o título.

“Será demais pedir a taça” ?

Força PORTUGAL !

E boa sorte para ti minha querida Galp, com a tua energia positiva.

Bem precisamos.

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Comentários (3)

  1. Muito bom!!! espero que os espanhóis tenham pouco energia positiva, apesar da Galp andar por lá!!!! ass.Pedro mano

  2. Está demais, está demais, está demais!!!
    Beijos mil, beijos mil, beijos mil!!!

  3. A Galp pode ser brilhante, mas não é o caso da Galp (Rua Nova do Seixo – S.Mamede de Infesta) no 3º domingo do mês…

    por: José Santos,

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