Carta à GALP
25 de Junho de 2012 em Entrevistas e Opinião,Opinião
Querida Galp,
Desculpa tratar-te assim, mas quando gosto das pessoas ou das Marcas gosto de o fazer. E tu Galp, para mim és, e espero que continues a ser uma Marca querida de todos os portugueses.
Nem sei por onde começar.
Estou desiludido e não consigo entender o volte-face que fizeste na tua comunicação, ao saíres do território alegre e divertido incitando os portugueses a dar o máximo e a não se contentarem com pouco.
Depois do brilhante menos ais, menos ais [1],
e das vuvuzelas [2] (menos brilhante)
espetas-nos agora com uma carta [3] ?
Uma carta escrita pelo puto Guilherme (como começa por G deves ter sido tu a escolher o nome), com recados para os futebolistas, que têm que alterar em 2 ou 3 semanas a percepção com que nos reconhecem lá fora ?
Não percebo.
Claro que o poder do futebol é enormemente anormal, mas não exageremos. Aliás vê-se onde está a Grécia, os campeões europeus em 2004…
Diz o Gui (é mais cool), o seguinte, entre outras citações:
“Gostava de trabalhar em Portugal, mas só fico se valer a pena”…
(Eu diria que Portugal vale sempre a pena e para mim é o melhor país da Europa, para se viver, mesmo com todos os defeitos. Quem os não tem?)
“Mudar em campo a opinião que o mundo tem de nós. Não somos fracos e preguiçosos”. (Não conheço o estudo aprofundado que terá chegado a esta brilhante conclusão). “Não temos nada a provar mas há um futuro a defender”.
Minha querida Galp, só estes excertos davam tema para um “Prós e Contras”.
A História está cheia de cartas que fazem parte dela.
O poder de uma carta, está no seu conteúdo, na sua riqueza, na sua relevância e na sua Mensagem.
E qual a mensagem que fica deste filme?
Para mim, é que não passamos da cepa torta e que somos os coitadinhos do costume… e os eternos desesperados vítimas de diagnósticos malignos permanentes. E mais grave ainda, a campanha tem carga política, está em cima do momento e remete-nos para S. Bento e para palavras recentes do PM.
Pelo que li, terás dito às Agências que querias “uma campanha com uma abordagem diferente das anteriores”.
Diferente em quê ? No efeito ? Na criatividade ? Na onda contagiante de entusiasmo criada?
Se bem te lembras, tu e a tua agência puseram, em 2004 e campeonatos seguintes um país inteiro a cantar, uma música optimista, que puxava para cima e dizia verdades com graça e que ficou no ouvido e coração dos portugueses.
E que acima de tudo nos picava e nos fazia acreditar, mas sem a conversa da treta fatalista.
Esta campanha é piegas e abala o património de Comunicação da Marca alicerçado em energia positiva, optimismo e “boa onda”, construído nos últimos anos.
Era este o teu registo e tenho pena que o tenhas mudado.
Olha, minha querida Galp, eu tinha um CD com o “menos ais” em repeat e ouvia no carro durante o Euro 2004 com os meus filhos (da idade do Gui ) e este ano quero repetir a experiência.
Mas como deves calcular não vou levar a carta do Gui.
Mas não fiques triste.
O efeito empolgante, de longa duração da tua campanha de 2004, ainda está bem presente.
Enfim, jogamos esta quarta feira contra Espanha ou França e o que eu espero dos nossos jogadores é que marquem mais, joguem mais, suem mais… e que tragam o título.
“Será demais pedir a taça” ?
Força PORTUGAL !
E boa sorte para ti minha querida Galp, com a tua energia positiva.
Bem precisamos.
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