“Sabemos que a Ervideira ainda não é uma Superbrand”

15 de dezembro de 2017

“Sabemos que a Ervideira ainda não é uma Superbrand”

Podemos dizer que Duarte Leal Costa é a “cara” e alma da Ervideira. Desde sempre que representou a marca mas a partir de agora passa a ser o sócio maioritário da produtora vitivinícola do Alentejo que este ano foi distinguida com o prémio de “Melhor Vinho Branco do Mundo” pelo Mundus Vini.

Uma mudança estrutural que abre portas a uma nova etapa na Ervideira que tem vindo a crescer consistentemente, sobretudo no segmento dos vinhos premium e super-premium.

O momento levou-nos a entrevistar Duarte Leal da Costa sobre as mudanças estratégicas desta nova etapa e os objetivos definidos para 2018:

Imagens de Marca: O que é que significa esta mudança de estratégia na Ervideira?

Duarte Leal da Costa: A Ervideira tem sido sempre uma empresa familiar, pois foi o meu Bisavô, o Conde D’Ervideira, que em 1880 começou a produzir vinhos. Desde então tem sido uma passagem de geração em geração. A estrutura societária que existia até agora datava de 1992 e eu apenas tinha 10%. Era importante haver uma concentração de quotas, não só para haver maior capacidade de decisões em termos de gestão, como para assegurar a continuidade da empresa a nível familiar (proporcionando a abertura à 5ª geração). Agora, estamos perante uma passagem natural de gerações, através de uma aquisição de parte das quotas que deu origem a uma concentração do capital.

IM: Porque é que fazia sentido esta nova fase?

DLC: Havia várias soluções: uma seria a pulverização do capital pelas sucessivas gerações – o que teria a desvantagem de perder a capacidade de decisões impedindo a evolução da própria empresa; outra solução seria a venda do capital para fora, ou seja, para investidores; uma terceira solução seria aquela que aconteceu – a concentração de capital numa só pessoa que projete a empresa para o futuro e que a mantenha na Família. A marca Ervideira tem crescido muito em notoriedade registando um crescimento de vendas em valor, essencialmente nas suas marcas premium e super-premium como o Vinha D’Ervideira e o Conde D’Ervideira, em detrimento de marcas com “preços mais baratos”.

IM: A que se deve este crescimento da Ervideira?

DLC: Em 2008 com a crise internacional, o sector dos vinhos – como tantos outros – sofreu bastante tendo-se verificado o crescimento de um mercado de preços baixos, com promoções superagressivas. Rapidamente a Ervideira percebeu que essa era a estratégia de desvalorização de marca e de prejuízos acumulados. Foi então que internamente se decidiu desinvestir em marcas de volume e de promoção, e apostar fortemente na inovação, diferenciação, exclusividade e qualidade superior.

IM: Como é que está a marca, neste momento, a nível nacional e internacional?

DLC: Sabemos perfeitamente que a Ervideira ainda não é uma “Superbrand”, mas estamos confiantes de que estamos no bom caminho para virmos a sê-lo. Neste momento estamos bem, quer a nível nacional como a nível internacional, com uma forte pulverização do mercado e com um potencial de crescimento enorme.

IM: É uma marca que desde sempre investiu em inovação. Qual é a importância dessa aposta para a empresa? Esperam-se novidades?

DLC: Existem bons vinhos tintos e bons vinhos brancos em todas as regiões vitícolas de Portugal e por esse mundo fora. Mas algo inovador, único, diferente, que desperte a curiosidade dos consumidores e que os faça quererem prová-lo, é o mais difícil. E, se depois de provado, o consumidor fideliza-se porque de facto o vinho é muito bom e identifica-se com a sua qualidade e unicidade, então conseguimos o nosso objetivo.

Foi o que aconteceu com os nossos vinhos Invisível e Vinho da Água. A verdade é que desde o início da atual geração que a inovação fazia parte do ADN. Atualmente esse mesmo ADN está espalhado por todos os elementos da Ervideira o que faz com que sejamos uma equipa em constante busca pelo inovador, diferente e único. Ervideira e Inovação são hoje palavras que se “confundem”. A título de curiosidade, podemos referir que já no próximo ano teremos novidades.

IM: E qual é agora o futuro da Ervideira? Há novos mercados à espreita?

DLC: Num futuro muito próximo a Ervideira quer dar um salto em termos de afirmação no mercado, registando crescimentos de vendas tanto a nível nacional como a nível internacional. O crescimento será, por isso, uma nova palavra de ordem a associar-se à inovação. Em breve estaremos em novos mercados como Estados Unidos ou Canadá, onde a nossa presença não existe ou é insipiente. Haverá igualmente uma forte aposta em mercados como Brasil, Moçambique e China, este último já é o nosso melhor mercado externo. Estou seguro que a Ervideira está ainda no início de uma rampa de lançamento, e por isso temos todos muito para dar.

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Jornalista: Ana Gaboleiro

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