Estamos conscientes quando compramos?

12 de janeiro de 2015

Estamos conscientes quando compramos?

Sabia que o cheiro, tato, cores e música são quatro estratégias usadas pelos retailers para manipularem os nossos sentidos? Para além da publicidade multimeios, as marcas apostam em novas estratégias de marketing para conquistar os consumidores, mesmo que estes não tenham consciência disso.

95% das compras que fazemos são inconscientes e 93% é influenciada pelo poder da visão. É este o resultado de um estudo realizado pela AlternativesFinder.com, que procura mostrar que existem diferentes fatores que influenciam o estado de espírito dos clientes da hora de comprar.

O facto de entrarmos numa loja que tenha um aroma cítrico aumenta a probabilidade de compra, enquanto que ao entrarmos sentirmos o cheiro do pó de talco sentimo-nos nostálgicos. Mas esses fatores dependem também do tipo de consumidor que a marca pretende captar. O estudo, realizado em parceria com a Harvard Business Review, demonstra que os tons escuros, como o vermelho ou o preto captam os consumidores impulsivos, enquanto que os tons claros, como o cor-de-rosa ou branco atraem consumidores inteligentes com mais poder de compra.

Diferentes cores, representam diferentes significados e sensações. Não é por acaso que em época de saldos, todas as lojas decidem colocar cartazes com letras ou logótipos vermelhos que indicam urgência. Já a confiança conquistasse pelo uso de logos azuis, como por exemplo, o utilizado pelas Marcas de Confiança. Ao nível dos sabores, o vermelho está muito associado a tudo o que é doce, enquanto que o verde é mais ligado ao azedo, e o azul ao amargo, por sua vez o amarelo representa algo salgado.

O eBay pôs à prova esta teoria com a venda no seu site de 28 Nintendo Wii. Os resultados demonstraram que as páginas do produto com fundo vermelho eram as mais licitadas por esta cor estar associada à competição.

O nosso olfato tem o poder de estimular o sistema límbico do nosso cérebro, isto é estimular as nossas emoções e comportamentos sociais. Os investigadores descobriram que as lojas com cheiro a pó de talco têm tendência a fazer-nos recordar e a criar uma certa nostalgia e por isso maior ligação, enquanto que os de baunilha, lavanda ou camomila têm um aroma mais relaxante. Se o seu objetivo é vender uma casa opte por colocar um aroma a pão acabado de sair do forno, mas se o seu objetivo é vender mobiliário, o cheiro a pele é o ideal.

Para mostrar como o cheiro pode influenciar o nosso poder de compra, o neurologista Dr. Alan Hirsch descobriu que 84% dos participantes diz estar disposto a pagar mais 10€ por uns ténis da Nike se a loja onde os comprarem tiver um cheiro agradável. A Hugo Boss utiliza uma combinação de cheiros única, com o objetivo de ativar a memória, que faz com que os consumidores identifiquem qualquer loja da marca, mesmo estando vendados.

Mas o toque também é um fator fundamental na hora de escolher o produto que quer comprar. Hoje em dia, é possível vermos vários retailers que colocam os dispositivos, de forma estratégia, para experimentação, de forma a que o cliente possa “sentir” o próprio produto. É o caso da Apple, o estudo revela que a marca americana coloca estrategicamente os seus notebooks a 70º graus para que o cliente seja levado a abrir o produto. Os funcionários da marca têm mesmo uma aplicação no iPhone que permite saber exatamente os graus a que devem estar os notebook.

Clássica, slow, mexida, disco, são várias e diferentes as preferências das marcas para atrair determinado target. Por exemplo, quando vamos a um restaurante que quer transmitir a ideia de qualidade e luxo, tem tendência a colocar música clássica. Mas se o objetivo é que os clientes comam e deixem a loja com rapidez, como as cadeias de fast food, a play list é mais mexida para acelerar o processo. A maioria das lojas têm cuidado na escolha musical dependendo do target, objetivo, estratégias de crescimento, que pretendem alcançar. É o caso da Sacoor Brothers, a marca de roupa tem por tendência colocar música jazz ou clássica ao vivo nas suas lojas para captar o respetivo target, enquanto que as lojas do grupo Inditex, como a Zara, tendem a escolher músicas com mais ritmo e num tom mais elevado para proporcionar o mass consumption.

Para além da forte aposta em comunicação, são muitas as marcas que procuram diferentes estratégias de marketing, além das tradicionais, para aumentar o crescimento das vendas. Criar relação, sensações, memórias e sentimentos passa por novas formas de marketing que, nem sempre, estão ao alcance da nossa consciência.

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Jornalista: Ana Gaboleiro

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