Nesta semana o Imagens de Marca foi ao encontro de marcas que atuam como mecenas, e saber qual a sua visão sobre o valor da cultura nas suas estratégias. Mas em simultâneo tentou perceber de que forma é que o apoio dessas marcas é importante para a continuação dos próprios agentes culturais.
Foi há 15 anos, quando estavam a ser dados os primeiros passos ao nível do mecenato em Portugal, que a Companhia Nacional de Bailado ganhou um parceiro que lhe deu a possibilidade de ter confiança no futuro: a Fundação EDP. A entidade investe anualmente na Companhia cerca de 400 mil euros.
“Em momentos difíceis como o atual, o valor do mecenato da EDP é aquilo que nos dá segurança de dizer que para o ano ainda temos uma verba, com qual podemos contar. E isso no meio artístico é absolutamente essencial. Nós não podemos programar para amanhã, temos de programar para daqui a um ano ou dois anos. Este contrato de mecenato a 3 anos é fundamental para a Companhia”, garante Luísa Taveira, Diretora Artística da Companhia Nacional de Bailado.
Apesar de a entidade receber uma indemnização compensatória por parte do Estado, o apoio da Fundação é crucial para a realização de nova programação e espetáculos, nomeadamente para a produção de cenários, aquisição de figurinos ou, por exemplo, para a presença de orquestra.
Mas este é um protocolo que redesenhou as habituais relações clássicas de mecenato, anexando o financiamento ao cumprimento de objetivos. “Este é um apoio muito bem desenhado. É um apoio que está desenhado por objetivos. Quanto mais a Companhia se apresenta noutros teatros do país, maior é o benefício. Quanto mais público a Companhia tiver, maior é o benefício”, explica Luísa Taveira.
A seguinte parceria é mais recente, mas também já deu os seus frutos. No passado, o BBVA decidiu dar o naming sponsor ao Teatro Tivoli, em Lisboa, e a verdade é que, se a taxa de ocupação se situava nos 27% há um ano, hoje ela é superior a 50%. O acordo, com duração de 15 anos, transformou a sala de espetáculos na primeira do país a receber um patrocínio deste género e tem permitido, segundo a UAU, proprietário do teatro, mais e melhor e produção cultural neste histórico espaço cultural.
Em entrevista ao IM, Paulo Dias, Diretor-geral da UAU, explica a que a parceria surgiu em simultâneo com a própria compra do teatro. “No fundo o que o BBVA veio fazer foi tornar possível a aquisição do teatro, não só apenas a questão do naming. O BBVA aparece na génese do próprio negócio, porque tornou possível que a UAU comprasse o teatro”, esclareceu o responsável.
Sem revelar os valores envolvidos neste acordo, a UAU sublinha que esta é uma parceria benéfica para ambas as partes. “Este apo traz-nos duas coisas: a primeira foi financeira, porque ajudou a promover a compra do próprio espaço, e de seguida permitiu toda a programação que está agregada a isto, porque é um banco com inúmeros clientes, que passam a receber as nossas newsletters, que fazem com que os bilhetes se vendam mais rapidamente. É um verdadeiro processo «win-win», porque o banco ganha para os seus clientes, e nós ganhamos com a promoção”, considera Paulo Dias.
A produtora vai anunciar em breve novos parceiros, que irão tornar possível a continuação da recuperação do próprio espaço. Uma recuperação neste momento orçamentada em cerca de 3 milhões de euros.
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