Atualmente há 7,5 milhões de internautas em Portugal. Em termos práticos, 70% da população portuguesa já utiliza diariamente a internet. E este valor tende a crescer, sendo que em 2020 o número deverá chegar aos 84%, revelam os dados do estudo Economia Digital em Portugal 2009-2020,realizado pela ACEPI, antiga Associação do Comércio Electrónico e da Publicidade Interactiva, agora designada Associação da Economia Digital.
O e-commerce é já uma tendência mundial e tem vindo a ganhar terreno em território português. Se por um lado o número de internautas tende a aumentar, consequentemente o número de consumidores que utilizam esta plataforma para comprar bens e serviços também. Até ao final do ano, segundo a ACEPI, Portugal vai registar 28% de compradores online. Um valor que deverá chegar aos 50% em 2020.
Outra das previsões apontadas pela entidade diz respeito ao valor médio gasto por utilizador em compras através da internet. Daqui a seis anos, o gasto médio por pessoa deverá superar os 1000 euros. No entanto, Portugal ainda terá um longo caminho a percorrer até que chegue perto ou alcance o país europeu com o valor mais alto. O Reino Unido lidera com 2250 euros.
“Com quase três mil milhões de utilizadores de internet nos dias que correm”, e segundo as declarações de Alexandre Nilo Fonseca, presidente da ACEPI, “o mercado de compras online em todo o mundo vale 850 mil milhões de euros” e “o maior mercado hoje é o Europeu”. Dados que levam o responsável a pensar que Portugal deve aproveitar o facto de pertencer ao continente europeu: “Ora a Europa é nossa vizinha. Temos legislação harmonizada, temos a mesma moeda e fronteiras abertas. É preciso aproveitar essa oportunidade que o «cross-border» permite”.
Hoje, dia em que se celebra o Dia das Compras na Net, uma data criada pela ACEPI, a entidade garante, e pode ler-se no seu site oficial, que o comércio eletrónico em Portugal vale perto de 50 mil milhões de euros e representa 32% do PIB. Uma análise do estudo “Economia Digital em Portugal”, uma reedição do relatório de 2009, desenvolvido pela entidade, e que avalia as compras B2C em 2,9 mil milhões de euros e o comércio B2B e B2G em 47 mil milhões de euros.
De acordo com os dados apresentados pela ACEPI durante a Portugal Week’14, que começou no passado dia 22 e termina a dia 29 de outubro, em 2015, o comércio eletrónico B2C em Portugal vai ultrapassar os três mil milhões de euros e, daqui a seis anos, superar os cinco mil milhões. No que diz respeito ao comércio eletrónico B2B e B2G, em 2020 este vai ser superior a 85 mil milhões de euros, garante a ACEPI.
No total, em 2020 o comércio eletrónico vai transpor a barreira dos 90 mil milhões de euros e representar 54% do PIB. De uma forma geral, as expectativas dos jovens empreendedores, das empresas e das marcas em Portugal vão crescer a par com estes valores. Mas já em 2009 houve quem tentasse adaptar-se a este cenário, numa altura em que a expressão do e-commerce era muito menor no país. Foi o caso de Sofia Catarino e de Sérgio Miranda, dois jovens que deram vida à Pegada Verde, uma loja online que representa marcas com uma vertente mais sustentável, e que se tem adaptado às exigências de mercado desde que nasceu, há cinco anos atrás.
Este projeto, além de olhos postos nas tendências de mercado, foca-se e ouve o que o próprio mercado tem a dizer, numa tentativa de crescimento sustentado. O Imagens de Marca esteve à conversa com os fundadores da Pegada Verde para perceber como um negócio digital ganha forma e conquista os consumidores.
IM: Como surgiu a Pegada Verde?
Sofia Catarino: A Pegada Verde surgiu em 2009, quando eu e o Sérgio estávamos desempregados. Temos formação na área da psicologia e da gestão, e sempre tivemos vontade de ter um projeto nosso. Não foi um plano a longo prazo, até porque tudo se foi compondo nesse sentido.
Começou quase como uma brincadeira, a ler um artigo sobre a jornalista canadiana Vanessa Farquharson e o seu livro “Dormir nu é ecológico”. Um projeto fantástico, em que durante 1 ano, e em cada dia do ano, introduziu uma medida ecológica na sua vida. Uma dessas medidas foi deixar de usar pensos e tampões durante a menstruação, e passar a usar um copo menstrual. A par da incredulidade, e do desconhecimento, veio também a curiosidade. Pesquisei acerca do que era, e decidi experimentar.
Em jeito de desafio, um amigo disse que devíamos trazer o produto para Portugal, e assim foi!
Em menos de 6 meses tínhamos empresa criada, éramos representantes da Lunette em Portugal e no Brasil e decidimos criar uma loja online, quando o e-commerce em Portugal era praticamente inexistente.
Fomos aumentando o nosso leque de oferta em termos de marcas/produtos na loja online, e fomos ganhando a representação de mais marcas desde então. Representamos atualmente seis marcas, dentro da sustentabilidade. A nossa grande bandeira é a reutilização, porque acreditamos que é a forma mais eficaz de reduzir o desperdício diário e reduzir as emissões de CO2 diariamente (quer através da produção industrial, da reciclagem, e das próprias lixeiras). Por isso, todos os nossos produtos permitem a reutilização nas tarefas diárias das nossas vidas agitadas, mas com muito bom gosto. Quem usa os nossos produtos, marca uma posição e passa uma mensagem de que tem bom gosto e de que se preocupa com o ambiente.
IM: Qual é a vossa estratégia empresarial?
Sérgio Miranda: Especificamente no mercado ibérico, a Pegada Verde tem estado focada em
apostar na representação exclusiva de marcas inovadoras e no aumento da sua gama de produtos, por forma a aumentar o volume de negócio. Assumimos por isso normalmente este papel de dar a conhecer os novos produtos, e o porquê da sua sustentabilidade.
Esforçamo-nos por apresentar novidades com alguma regularidade, para que quem nos acompanhe tenha sempre algo novo para espreitar, e fazemos campanhas específicas de promoção de produto, também como forma de mimar o nosso público, dando-lhes alguns benefícios.
A nossa estratégia passa sempre por reforçar a relação e a proximidade aos clientes, sendo este um dos nossos grande pilares de atuação. Uma grande percentagem de clientes online são clientes habituais, o que nos dá uma grande confiança acerca do nosso trabalho e faz-nos querer melhorar todos os dias.
IM: Em que modelo de negócio assentam?
Sérgio Miranda: A nossa grande prioridade é manter o crescimento de forma sustentada. Em 5 anos aumentámos em 400% a nossa faturação, e esperamos acabar 2014 com mais 50% que o ano passado.
Contamos com aproximadamente 100 pontos de venda a retalho, e utilizamos a nossa loja online como forte canal de vendas e importantíssima ferramenta de divulgação e promoção das marcas.
Queremos que este crescimento continue a acontecer com a loja online, com a distribuição, e queremos também apostar mais no mercado B2B, pois sabemos o impacto que os nossos artigos podem ter na responsabilidade social das empresas.
Pretendemos continuar a apostar na representação exclusiva de marcas inovadoras e no aumento da nossa gama de produtos, por forma a aumentar o volume de negócio.
IM: De que forma se têm vindo a adaptar as tendências de mercado?
Sofia Catarino: A nossa máxima baseia-se muito em ouvir o que o mercado tem para nos dizer. A linha de produtos que tínhamos inicialmente alterou-se muito ao longo destes 5 anos, e cerca de 90% dos artigos que comercializávamos no início, hoje já não os temos. Começámos a dar mais importância a artigos/marcas de lifestyle, com um forte cunho de design.
Em termos de serviço aumentámos os nossos canais de atendimento ao cliente, que é ainda muito importante no nosso país. Além do contacto telefónico, respondemos em menos de 24 horas a todas as questões através do nosso email de contacto, do Facebook e também através do chat no nosso site.
IM: Como é que a Pegada Verde vê as compras online?
Sérgio Miranda: Tem havido, sem qualquer dúvida, um crescimento do comércio electrónico, em Portugal e no mundo. Esta é uma tendência normal, não só pelas vidas agitadas que as pessoas levam hoje em dia, mas também pela facilidade de poder comparar vários produtos, selecionar o melhor ou o mais económico, e receber a encomenda no conforto da sua casa.
Do lado do comerciante, para quem tem espaços físicos, acaba por ser mais uma montra com maior alcance, e o próprio consumidor já parte do principio que para além do site vai encontrar uma loja online para concretizar a sua compra.
IM: De que forma a empresa pretende marcar a diferença no mercado?
Sofia Catarino: A Pegada Verde pretende diferenciar-se em duas vertentes. Através do serviço que presta e pela diferenciação dos produtos que vendemos.
Tentamos sempre colocar-nos no lado de quem compra. Temos feito alterações e adaptações sempre que sentimos essa necessidade, seja com o intuito de facilitar todo o processo de compra, seja em atribuir cada vez mais credibilidade e confiança ao consumidor numa compra à distância.
Relativamente aos produtos que representamos, a nossa missão passa também por dar a conhecer novas alternativas às rotinas do dia a dia. Obviamente que para nós a questão ecológica é importantíssima, mas queremos fazê-lo de uma forma em que usar estes artigos não seja um “frete”, e em que os seus utilizadores tenham gosto em usar e mostrar.
Focamo-nos em produtos para as coisas do dia-a-dia, porque é exatamente nas coisas simples de todos os dias que cada um de nós pode fazer a diferença.
Sustentabilidade e Design são as palavras chave do nosso negócio e do nosso sucesso.
IM: Quais são os principais requisitos para comprar de forma segura nas lojas online?
Sérgio Miranda: Aquilo que normalmente recomendamos é a verificação dos contactos e dos meios de pagamento. Os contactos bem visíveis, como morada, telefone e endereço de e-mail visíveis, e os meios de pagamento deverão ser viáveis, ou seja, nos quais o consumidor deposita alguma confiança,
IM: Para quem nunca fez e receia vir a fazer compras na internet, qual é a vossa sugestão?
Sérgio Miranda: Não há nada como experimentar! Nós enquanto consumidores foi exatamente assim que perdemos o receio inicial, e que naturalmente se tornou um hábito.
Claro que agora, com a experiência, já conseguimos identificar lojas online de extrema confiança de excelente serviço.
Uma forma de perder o receio é contactar diretamente a loja em questão (telefone ou e-mail), e colocar todas as questões que tenha. E depois, verificar em termos de formas de pagamento aquilo que a loja online oferece.
Temos muitos clientes em Torres Vedras que nos contactam diretamente para poderem ver ou levantar os artigos ao nosso escritório, e por isso apercebemo-nos de que ainda há quem tenha necessidade de ter uma presença física.
IM: Como asseguram a segurança dos utilizadores?
Sofia Catarino: Temos vindo a incrementar algumas estratégias, de forma a que o consumidor se sinta seguro ao comprar na Pegada Verde. Uma morada física, e um contacto telefónico fazem muita diferença em Portugal. As pessoas gostam de tirar dúvidas com alguém que esteja do outro lado, ainda que não a vejam, há uma segurança associada.
Tentamos comunicar o mais possível em todas as fases do processo de compra, para que o cliente saiba o que se está a passar com a sua encomenda, em cada fase. Quer na seleção, no pagamento e na entrega.
Em termos de forma de pagamento, optámos entre outras, pelas referências multibanco e pelo paypal, que são formas de aumentar a confiança junto do consumidor.
Relativamente à entrega, enviamos as referências da transportadora e os contactos para que o cliente possa seguir o seu estado de envio, e ligar se tiver necessidade de proceder a alguma alteração.
IM: No próximo dia 24 celebra-se o Dia das Compras na Net. Vão lançar alguma novidade? Campanha? Ou Ação?
Sofia Catarino: Sim, todos os anos damos um miminho aos nossos clientes, como forma de comunicar este dia e dar importância à compra online. Este ano, em todas as compras efetuadas no dia 24 de outubro, os portes de envio serão grátis.
Hoje o receio e o medo são as maiores barreiras do e-commerce. As pessoas têm dúvidas quanto à segurança e credibilidade dos sites que encontram para comprar online e não experimentam. Mas este cenário pode vir a chegar ao fim, uma vez que a ACEPI já desenvolveu um selo denominado “Confiança Online”, colocado nos sites que seguem as boas práticas do mercado. O conselho do responsável da entidade é simples: “Os consumidores devem procurar comprar em sites com este selo”.
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