Comércio eletrónico ganha terreno em Portugal

24 de Outubro de 2014 em Atualidade

Comércio eletrónico ganha terreno em Portugal

Atualmente há 7,5 milhões de internautas em Portugal. Em termos práticos, 70% da população portuguesa já utiliza diariamente a internet. E este valor tende a crescer, sendo que em 2020 o número deverá chegar aos 84%, revelam os dados do estudo Economia Digital em Portugal 2009-2020,realizado pela ACEPI, antiga Associação do Comércio Electrónico e da Publicidade Interactiva, agora designada Associação da Economia Digital.

gasto_medio_online_e-commerce [1]O e-commerce é já uma tendência mundial e tem vindo a ganhar terreno em território português. Se por um lado o número de internautas tende a aumentar, consequentemente o número de consumidores que utilizam esta plataforma para comprar bens e serviços também. Até ao final do ano, segundo a ACEPI, Portugal vai registar 28% de compradores online. Um valor que deverá chegar aos 50% em 2020.

Outra das previsões apontadas pela entidade diz respeito ao valor médio gasto por utilizador em compras através da internet. Daqui a seis anos, o gasto médio por pessoa deverá superar os 1000 euros. No entanto, Portugal ainda terá um longo caminho a percorrer até que chegue perto ou alcance o país europeu com o valor mais alto. O Reino Unido lidera com 2250 euros.

comercio_mundial_online_e-commerce [2]“Com quase três mil milhões de utilizadores de internet nos dias que correm”, e segundo as declarações de Alexandre Nilo Fonseca, presidente da ACEPI, “o mercado de compras online em todo o mundo vale 850 mil milhões de euros” e “o maior mercado hoje é o Europeu”. Dados que levam o responsável a pensar que Portugal deve aproveitar o facto de pertencer ao continente europeu: “Ora a Europa é nossa vizinha. Temos legislação harmonizada, temos a mesma moeda e fronteiras abertas. É preciso aproveitar essa oportunidade que o «cross-border» permite”.

Hoje, dia em que se celebra o Dia das Compras na Net, uma data criada pela ACEPI, a entidade garante, e pode ler-se no seu site oficial, que o comércio eletrónico em Portugal vale perto de 50 mil milhões de euros e representa 32% do PIB. Uma análise do estudo “Economia Digital em Portugal”, uma reedição do relatório de 2009, desenvolvido pela entidade, e que avalia as compras B2C em 2,9 mil milhões de euros e o comércio B2B e B2G em 47 mil milhões de euros.

De acordo com os dados apresentados pela ACEPI durante a Portugal Week’14, que começou no passado dia 22 e termina a dia 29 de outubro, em 2015, o comércio eletrónico B2C em Portugal vai ultrapassar os três mil milhões de euros e, daqui a seis anos, superar os cinco mil milhões. No que diz respeito ao comércio eletrónico B2B e B2G, em 2020 este vai ser superior a 85 mil milhões de euros, garante a ACEPI.

logo Pegada Verde [3]No total, em 2020 o comércio eletrónico vai transpor a barreira dos 90 mil milhões de euros e representar 54% do PIB. De uma forma geral, as expectativas dos jovens empreendedores, das empresas e das marcas em Portugal vão crescer a par com estes valores. Mas já em 2009 houve quem tentasse adaptar-se a este cenário, numa altura em que a expressão do e-commerce era muito menor no país. Foi o caso de Sofia Catarino e de Sérgio Miranda, dois jovens que deram vida à Pegada Verde, uma loja online que representa marcas com uma vertente mais sustentável, e que se tem adaptado às exigências de mercado desde que nasceu, há cinco anos atrás.

Este projeto, além de olhos postos nas tendências de mercado, foca-se e ouve o que o próprio mercado tem a dizer, numa tentativa de crescimento sustentado. O Imagens de Marca esteve à conversa com os fundadores da Pegada Verde para perceber como um negócio digital ganha forma e conquista os consumidores.

IM: Como surgiu a Pegada Verde?

Sofia e Sérgio [4]Sofia Catarino: A Pegada Verde surgiu em 2009, quando eu e o Sérgio estávamos desempregados.  Temos formação na área da psicologia e da gestão, e sempre tivemos vontade de ter um projeto nosso. Não foi um plano a longo prazo, até porque tudo se foi compondo nesse sentido.
Começou quase como uma brincadeira, a ler um artigo sobre a jornalista canadiana Vanessa Farquharson e o seu livro “Dormir nu é ecológico”. Um projeto fantástico, em que durante 1 ano, e em cada dia do ano, introduziu uma medida ecológica na sua vida. Uma dessas medidas foi deixar de usar pensos e tampões durante a menstruação, e passar a usar um copo menstrual. A par da incredulidade, e do desconhecimento, veio também a curiosidade. Pesquisei acerca do que era, e decidi experimentar.
Em jeito de desafio, um amigo disse que devíamos trazer o produto para Portugal, e assim foi!
Em menos de 6 meses tínhamos empresa criada, éramos representantes da Lunette em Portugal e no Brasil e decidimos criar uma loja online, quando o e-commerce em Portugal era praticamente inexistente.

Fomos aumentando o nosso leque de oferta em termos de marcas/produtos na loja online, e fomos ganhando a representação de mais marcas desde então. Representamos atualmente seis marcas, dentro da sustentabilidade. A nossa grande bandeira é a reutilização, porque acreditamos que é a forma mais eficaz de reduzir o desperdício diário e reduzir as emissões de CO2 diariamente (quer através da produção industrial, da reciclagem, e  das próprias lixeiras). Por isso, todos os nossos produtos permitem a reutilização nas tarefas diárias das nossas vidas agitadas, mas com muito bom gosto. Quem usa os nossos produtos, marca uma posição e passa uma mensagem de que tem bom gosto e de que se preocupa com o ambiente.

IM:  Qual é a vossa estratégia empresarial?

Sérgio Miranda: Especificamente no mercado ibérico, a Pegada Verde tem estado focada em

apostar na representação exclusiva de marcas inovadoras e no aumento da sua gama de produtos, por forma a aumentar o volume de negócio. Assumimos por isso normalmente este papel de dar a conhecer os novos produtos, e o porquê da sua sustentabilidade.

Esforçamo-nos por apresentar novidades com alguma regularidade, para que quem nos acompanhe tenha sempre algo novo para espreitar, e fazemos campanhas específicas de promoção de produto, também como forma de mimar o nosso público, dando-lhes alguns benefícios.

A nossa estratégia passa sempre por reforçar a relação e a proximidade aos clientes, sendo este um dos nossos grande pilares de atuação. Uma grande percentagem de clientes online são clientes habituais, o que nos dá uma grande confiança acerca do nosso trabalho e faz-nos querer melhorar todos os dias.

IM: Em que modelo de negócio assentam?

Sérgio Miranda: A nossa grande prioridade é manter o crescimento de forma sustentada. Em 5 anos aumentámos em 400% a nossa faturação, e esperamos acabar 2014 com mais 50% que o ano passado.

Contamos com aproximadamente 100 pontos de venda a retalho, e utilizamos a nossa loja online como forte canal de vendas e importantíssima ferramenta de divulgação e promoção das marcas.

Queremos que este crescimento continue a acontecer com a loja online, com a distribuição, e queremos também apostar mais no mercado B2B, pois sabemos o impacto que os nossos artigos podem ter na responsabilidade social das empresas.

Pretendemos continuar a apostar na representação exclusiva de marcas inovadoras e no aumento da nossa gama de produtos, por forma a aumentar o volume de negócio.

IM: De que forma se têm vindo a adaptar as tendências de mercado?

Sofia Catarino: A nossa máxima baseia-se muito em ouvir o que o mercado tem para nos dizer. A linha de produtos que tínhamos inicialmente alterou-se muito ao longo destes 5 anos, e cerca de 90% dos artigos que comercializávamos no início, hoje já não os temos. Começámos a dar mais importância a artigos/marcas de lifestyle, com um forte cunho de design.

Em termos de serviço aumentámos os nossos canais de atendimento ao cliente, que é ainda muito importante no nosso país. Além do contacto telefónico, respondemos em menos de 24 horas a todas as questões através do nosso email de contacto, do Facebook e também através do chat no nosso site.

IM: Como é que a Pegada Verde vê as compras online?

Sérgio Miranda: Tem havido, sem qualquer dúvida, um crescimento do comércio electrónico, em Portugal e no mundo. Esta é uma tendência normal, não só pelas vidas agitadas que as pessoas levam hoje em dia, mas também pela facilidade de poder comparar vários produtos, selecionar o melhor ou o mais económico, e receber a encomenda no conforto da sua casa.

Do lado do comerciante, para quem tem espaços físicos, acaba por ser mais uma montra com maior alcance,  e o próprio consumidor já parte do principio que para além do site vai encontrar uma loja online para concretizar a sua compra.

IM: De que forma a empresa pretende marcar a diferença no mercado?

Sofia Catarino: A Pegada Verde pretende diferenciar-se em duas vertentes. Através do serviço que presta e pela diferenciação dos produtos que vendemos.

Tentamos sempre colocar-nos no lado de quem compra. Temos feito alterações e adaptações sempre que sentimos essa necessidade, seja com o intuito de facilitar todo o processo de compra, seja em atribuir cada vez mais credibilidade e confiança ao consumidor numa compra à distância.

Relativamente aos produtos que representamos, a nossa missão passa também por dar a conhecer novas alternativas às rotinas do dia a dia. Obviamente que para nós a questão ecológica é importantíssima, mas queremos fazê-lo de uma forma em que usar estes artigos não seja um “frete”, e em que os seus utilizadores tenham gosto em usar e mostrar.

Focamo-nos em produtos para as coisas do dia-a-dia, porque é exatamente nas coisas simples de todos os dias que cada um de nós pode  fazer a diferença.

Sustentabilidade e Design são as palavras chave do nosso negócio e do nosso sucesso.

IM: Quais são os principais requisitos para comprar de forma segura nas lojas online?

Sérgio Miranda:  Aquilo que normalmente recomendamos é a verificação dos contactos e dos meios de pagamento. Os contactos bem visíveis, como morada, telefone e endereço de e-mail visíveis, e os meios de pagamento deverão ser viáveis, ou seja, nos quais o consumidor deposita alguma confiança,

IM: Para quem nunca fez e receia vir a fazer compras na internet, qual é a vossa sugestão?

Sérgio Miranda: Não há nada como experimentar! Nós enquanto consumidores foi exatamente assim que perdemos o receio inicial, e que naturalmente se tornou um hábito.

Claro que agora, com a experiência,  já conseguimos identificar lojas online de extrema confiança de excelente serviço.

Uma forma de perder o receio é contactar  diretamente a loja em questão (telefone ou e-mail), e colocar todas as questões que tenha. E depois, verificar em termos de formas de pagamento aquilo que a loja online oferece.

Temos muitos clientes em Torres Vedras que nos contactam diretamente para poderem ver ou levantar os artigos ao nosso escritório, e por isso apercebemo-nos de que ainda há quem tenha necessidade de ter uma presença física.

IM: Como asseguram a segurança dos utilizadores?

Sofia Catarino: Temos vindo a incrementar algumas estratégias, de forma a que o consumidor se sinta seguro ao comprar na Pegada Verde.  Uma morada física, e um contacto telefónico fazem muita diferença em Portugal. As pessoas gostam de tirar dúvidas com alguém que esteja do outro lado, ainda que não a vejam, há uma segurança associada.

Tentamos comunicar o mais possível em todas as fases do processo de compra, para que o cliente saiba o que se está a passar com a sua encomenda, em cada fase. Quer na seleção, no pagamento e na entrega.

Em termos de forma de pagamento, optámos entre outras, pelas referências multibanco e pelo paypal, que são formas de aumentar a confiança junto do consumidor.

Relativamente à entrega, enviamos as referências da transportadora e os contactos para que o cliente possa seguir o seu estado de envio, e ligar se tiver necessidade de proceder a alguma alteração.

IM: No próximo dia 24 celebra-se o Dia das Compras na Net. Vão lançar alguma novidade? Campanha? Ou Ação?

Sofia CatarinoSim, todos os anos damos um miminho aos nossos clientes, como forma de comunicar este dia e dar importância à compra online. Este ano, em todas as compras efetuadas no dia 24 de outubro, os portes de envio serão grátis.

Hoje o receio e o medo são as maiores barreiras do e-commerce. As pessoas têm dúvidas quanto à segurança e credibilidade dos sites que encontram para comprar online e não experimentam. Mas este cenário pode vir a chegar ao fim, uma vez que a ACEPI já desenvolveu um selo denominado “Confiança Online”, colocado nos sites que seguem as boas práticas do mercado. O conselho do responsável da entidade é simples: “Os consumidores devem procurar comprar em sites com este selo”.

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