O Reino Unido é, atualmente, o 4º cliente de produtos portugueses, a 6ª economia mundial e o 5º importador de bens a nível global. Os britânicos votaram ‘Sim’ ao Brexit, uma notícia que está a marcar a atualidade e a levantar diversas questões.
Em declarações ao Imagens de Marca, o economista Miguel Beleza, afirma que “não há nada de positivo que se possa retirar da saída do Reino Unido da União Europeia.” Para as marcas portuguesas, o economista prevê que se deparem com problemas a nível das exportações, tendo em conta que este é um mercado estratégico para muitas empresas nacionais.
Já João Duque tem um ponto de vista mais positivo. Em entrevista ao IM o economista refere “que é possível que as nossas exportações para o Reino Unido e a competitividade das mesmas seja um pouco mais deteriorada e que haja um aumento da dificuldade em exportar”. O especialista dá o exemplo do Vinho do Porto, que por ser um produto único, sem um concorrente direto, não deverá sofrer com esta saída da União Europeia.
“Cada empresário vai arranjar os seus mercados, eles sabem perfeitamente para onde devem levar o seu negócio, não estão à espera de que alguém do governo ou algum economista lhes indique onde investir. O importante é olhar para isto como uma oportunidade”, acrescenta.
Relativamente ao impacto na economia nacional, o economista já não partilha da visão otimista de Mário Centeno. João Duque afirma que a saída do Reino Unido da Europa vem fragilizar os países da Europa periférica: “olhando para a dívida portuguesa e vendo aquilo que temos que pagar, para mim, é evidente que vá disparar o risco do país juntamente com o risco das taxas de juro.”
Pedro Lino, presidente do conselho de administração da DIF Broker, corretora portuguesa, dá conta de que o Turismo, o setor Imobiliário e o Financeiro são os que em Portugal vão ser mais afetados com o Brexit. Ao Imagens de Marca, revela que a Europa ficou mais cara para os habitantes do Reino Unido, nomeadamente Portugal que é um dos destinos privilegiados dos britânicos. No setor Financeiro, para as empresas inglesas terem acesso ao mercado europeu, explica que terão que comprar empresas europeias ou ter uma maior representatividade dentro da zona Euro, o que poderá resultar numa deslocação da City de Londres para Paris ou Frankfurt.
“Inglaterra procura ganhar competitividade via desvalorização do preço da sua moeda. Normalmente isto costuma-se fazer quando as economias são fracas e não têm capacidade de captar outras indústrias, mas neste caso acho que esta é uma solução de curto prazo e que qualquer acordo que seja feito com a Inglaterra vamos ter que o respeitar.”
O Imagens de Marca esteve à conversa com Pedro Tavares, partner e CEO da On Strategy em Portugal, que referiu que “num primeiro momento há uma crise ao nível da reputação do país em relação à visão externa”. No 13º lugar dos países com melhor reputação a nível internacional, o responsável refere que é difícil prever os resultados deste referendo. Medida em três dimensões (efetividade governamental, económica e ambiente social), acrescenta que “se hoje fosse feito um novo diagnóstico à reputação da marca Reino Unido, a previsão seria de uma descida clara”.
Na visão de Pedro Veloso, managing director da Interbrand Portugal, a principal marca afetada é mesmo a marca União Europeia. “É preciso repensar o modelo atual. Hoje já saíram notícias de que a Suécia e a França também estão interessadas em fazer um referendo”, acrescenta o responsável ao IM.
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