É uma das riquezas da região de Alcobaça e contribui para o desenvolvimento da economia e emprego locais. A Maçã de Alcobaça representa, hoje, uma marca coletiva com um selo de qualidade e credibilidade no mercado. Mas mais que a comercialização do próprio fruto, são vários os negócios criados que inovam na forma de “oferecer” maçã aos consumidores.
O nascimento da marca coletiva e a mais-valia que isso traz hoje ao negócio
A implementação do Mercado Único em 1992, com a consequente abertura das fronteiras, veio colocar a fruticultura perante uma concorrência muito forte de produtos de outros parceiros comunitários, como nos conta Jorge Soares, Presidente da Associação de Produtores da Maçã de Alcobaça (APMA): “A partir da adesão à Comunidade Europeia, as fronteiras abriram e o sector da fruta em Portugal não estava tecnologicamente evoluído, não estava organizado. Nós fomos invadidos com maçãs de todas as origens do mundo e os consumidores em dois ou três anos passaram a consumir mais maçãs importadas do que maçãs nacionais”.
Isso levou a que um conjunto de produtores se juntassem com o objetivo de desenvolver ações que permitissem, por um lado, salvaguardar a imagem das maçãs desta região e permitissem também melhorar a sua competitividade comercial. Para regular esta marca foi criada, no ano 2000, a Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça, um conjunto de organizações de produtores que decidiram abraçar um projeto comum de promoção desta marca coletiva para a região da “Maçã de Alcobaça” e garantir a sua origem com credibilidade no mercado, assim como promover e divulgar os valores e as características únicas deste fruto. Hoje são 13 organizações, que representam 800 produtores.
“Conseguimos, em duas décadas passar de uma atividade que estava fortemente ameaçada nos primeiros cinco anos após a adesão à comunidade, o número de produtores de maçã na nossa região reduziu para metade imediatamente e hoje, com metade dos produtores de maçã aquando da adesão à comunidade, nós conseguimos produzir mais maçãs do que produziam o dobro dos produtores há 20 anos atrás”, afirma Jorge Soares, e conclui “o retorno é pela capacidade que nós temos de poder produzir mais, de poder vender maiores quantidades e com isto consequentemente criarmos mais emprego e contribuirmos mais para a economia”.
Outros negócios da Maçã de Alcobaça
Hoje, o negócio à volta das Maçãs de Alcobaça é muito mais do que apenas o embalamento e a comercialização do fruto fresco. São várias as empresas da região que foram inovando na forma de fazer chegar esta maçã ao mercado e incentivando novas formas de consumir este produto. Daí nasceram vários negócios com base na Maçã de Alcobaça, que consomem cerca de 10% das maçãs que são produzidas naquela região e que, segundo o Presidente da APMA, espelham a postura da nova geração de produtores que desenvolveu todo este projeto da Maçã de Alcobaça.
A Frubaça, uma das cooperativas da região produz, por exemplo, sumos naturais, já reconhecidos pela sua qualidade pelo equivalente ao Ministério da Saúde em Inglaterra, assim como purés frios. Jorge Periquito, Diretor da empresa, conta-nos como surgiu a ideia de criar estes produtos e a importância que existe em ter matéria-prima de qualidade. Produtos que representam já 45% do volume de negócios da empresa que registou um crescimento de 10% o ano passado. Crescimento que querem manter em 2013, esperando um aumento de faturação para um valor superior a 9 milhões de euros. Ao contrário dos produtos em fresco que têm em Portugal o principal mercado, os produtos transformados da Frubaça têm já uma grande componente de exportação para países como Espanha, França, Reino Unido e Noruega.
Outro exemplo é a Campotec, que apostou na maçã fatiada que chega a parceiros como, por exemplo, a McDonald’s. Parcerias que são muito importantes para Associação, segundo Jorge Soares: “São parcerias que têm grande exposição, no que diz respeito ao número de consumidores que vão a esses locais e para nós é importante também pela motivação que nos proporciona, ao sabermos que grupos internacionais reconhecem valor aos produtos tradicionais, que nem sempre em território nacional os portugueses os fazem”.
Desde há uns anos para cá, que os portugueses dão muito valor aos produtos importados, segundo a Associação, que reforça que essa é uma tendência que tem que se alterar. “Portugal sairá com certeza desta crise se produzirmos mais, se produzirmos melhor e se os consumidores ajudarem nesse sentido. Só consumindo mais e importando menos, e isso foi um drama durante duas décadas no nosso sector, nós contribuímos para a riqueza”, garante Jorge Soares. O Presidente da APMA afirma que Portugal ainda importa 30% a 40% das maçãs que consome e acredita que o setor pode continuar a crescer apesar da crise, se importarmos menos e produzirmos nós essa quantidade de maçãs.
A Associação produz, de forma associado cerca de 50 mil toneladas de maçãs por ano, em que cerca de 10 mil toneladas, o equivalente a 100 milhões de maçãs, se vendem com o selo de origem e qualidade e com a marca coletiva da Maçã de Alcobaça. A faturação anual varia entre os 30 e os 50 milhões de euros, dependendo das oscilações de preço e quantidades produzidas.
Visitámos também duas empresas que pretendem adocicar o mercado com o sabor deste tipo de Maçã: a Cister Doce, especializada em doçaria e a Vários Sabores que aposta nas tartes de Maçã de Alcobaça.
Comentários (0)