Ao longo desta última semana, a notícia que mais impacto teve no mundo digital, foi a estrondosa aquisição da WhatsApp pela Facebook, resultando na aquisição mais onerosa de sempre no que toca à compra de start ups – 19 mil milhões de USD.
A WhatsApp conta actualmente com mais de 450 milhões de utilizadores, e adiciona mais 1 milhão por dia à sua rede, no entanto, só obteve 20 milhões de dólares de receita. Parece um contra-censo.
Todos se questionam sobre a razão de ser desta aquisição. Curiosamente, o facto de nos últimos dois dias o serviço ter estado indisponível, levantou de imediato teorias da conspiração, de que a aquisição tinha como objectivo “fechar” a aplicação, e encaminhar os seus users para o Facebook Chat. Mas, na realidade, a movimentação estratégica por parte do Facebook parece ser muito bem estudada, e mais profunda do que à primeira vista parece.
Se prestarmos atenção ao que se tem passado no mercado com a introdução das Free social Messaging Applications como a WhatsApp, verificamos uma elevada aceitação em todos os segmentos de mercado e com impacto em sectores de actividade relevantes.
Um primeiro impacto, de acordo com o estudo da OVUM, surge no negócio de SMS dos principais operadores de telecomunicações, o qual decaiu consideravelmente. Estima-se uma redução de cerca de 32,5 mil milhões de USD em 2013, obrigando estes a repensar uma das suas principais fontes de receita nos últimos anos.
Mas o impacto mais relevante passa pela dinamização de novas oportunidades de negócio sobre estas aplicações. Mecanismos de Social Buying, de Real Time Rating de produtos ou serviços, ou mesmo de MicroPayment estão a ganhar uma maior relevância. Os analistas do “The Economist” apontam para o exemplo do “WeChat” (detida por uma empresa de referência chinesa), em tudo semelhante ao WhatsApp, mas que desenvolveu funcionalidades integradas de pagamento online, permitindo a compra em vending machines (de jornais, de produtos alimentares, …), em catálogos online (telemóveis, roupa, …), e até no pagamento de serviços (bilhetes de metro, portagens,…) tudo através da sua aplicação. Como várias fontes sugerem, “uma estrela em ascensão que merece ser acompanhada de perto”.
Com apenas 270 milhões de utilizadores (bem menos do que a sua concorrente), a WeChat já factura mais de 1.100 milhões de USD, em virtude desta sua capacidade comercial mais desenvolvida.
Tomando este exemplo, imaginemos então o potencial que está criado! Temos pela frente uma perspectiva interessante, na qual a maior rede social à escala global, com mais de 1.2 mil milhões de utilizadores, tem agora nas mãos a maior rede de social messaging, com capacidade de desenvolver funcionalidades de social commerce.
Um novo mundo digital pleno de desafios. Vamos aguardar pelas novidades que em breve deverão aparecer!
uma perspetiva interessante da pessoa que em Portugal melhor domina o tema dos negócios digitais