Uma APP que educa os nossos filhos. Não perca

14 de agosto de 2017

Uma APP que educa os nossos filhos. Não perca

Miguel Caeiro, Country Manager Brazil & Latam at Lookout Mobile Security

A terceirização da educação dos nossos filhos tem crescido de forma assustadora, com uma delegação de responsabilidades em que os resultados estão a vista. Sejamos Pais de novo.

No que me diz respeito, o titulo deste artigo nunca passará de uma mera provocação, um alerta, um grito de alarme para uma realidade que infelizmente assistimos passivamente.

Existe uma tendência crescente de delegar a educação dos filhos em outras entidades, escolas, ATL’s, explicadores, monitores, babás. Esta delegação não se faz apenas em carga horária, mas, pior que tudo, no conteúdo, na essência do que dever ser a formação dos indivíduos e a sua educação enquanto individuo.

Existem no entanto responsabilidades que não deviam ser delegáveis, que são inatas a nossa função de Pais. Educar, formar, moldar, dar o exemplo, estar presente, estabelecer regras, vigiar, policiar, castigar, perdoar, rir, chorar, incutir os valores, dar exemplo de princípios, respeitar as diferenças, potenciar os pontos fortes e minimizar os pontos fracos, ensinar a reunir as pedras do caminho para a construção do castelo lá na frente.

Mais do que responsabilidade, essa missão é indissociável do verdadeiro prazer de ser Pais, do orgulho de formar alguém, do amor incondicional que se coloca na “obra da vida”.

No entanto, principalmente nas malhas urbanas das chamadas “sociedades modernas” é cada vez mais comum assistirmos a crianças literalmente “abandonadas” à sua sorte, ao acaso, à sorte ou azar de terem bons amigos, bons professores, bom contexto que complemente ou implemente o que em casa ficou incompleto e inacabado.

É muito comum encontrarmos jovens sem referencias de convívio familiar, sem saber o que são espaços e tempos de refeição em família, sem espaços de conversa, sem espaços de riso, de choro, de briga e de compreensão no âmbito familiar.

Falamos de falta de estruturas familiares independentes do poder aquisitivo, aliás, muitas vezes exacerbadas pelo rendimento, em que se “compra” o tempo que não se conseguiu estar com os filhos com bens materiais, com lazer caro mas impessoal, com viagens idílicas mas vazias de emoção, com ostentação compensatória que tem o efeito de uma analgésico de curta duração.

Sempre acreditei muito na teoria da mochila as costas. Os nossos filhos nascem com uma mochila às costas onde nós, paulatinamente, até aos 10/12 anos, vamos colocando aqueles que consideramos serem os mais importantes princípios, valores, referencias, exemplos e prioridades. Chegando ao principio da juventude, e com o principal da sua personalidade já desenvolvida, eles começam a fazer a sua caminhada de vida. Nessa caminhada, consideram a mochila muito pesada, e necessitam de espaço para novas referencias e novos valores que agora observam com avidez. Então, com naturalidade, e para “aliviar a carga”, vão retirando da mochila aqueles valores ou princípios colocados por nós, mas que, por alguma razão, não ficaram devidamente incutidos, não ficaram enraizados, e que eles agora acham que não precisam mais. Nesta fase nos descobrimos que os que ficaram melhor enraizados foram aqueles que nos demonstramos com exemplo e que os que eles mais facilmente jogam fora são os que falamos bastante mas dos quais demos pouco exemplo.

Na verdade, a partir dos 12 anos, já pouco poderemos fazer pela verdadeira essência do ser humano que criamos além de pequenas limadelas ou acertos sobre uma base que construímos ao longo de uma década. A partir dai raras serão as vezes em que vamos estar ao lado deles quando tiverem que efetuar escolhas, quando tiverem que ponderar caminhos. E vai ser nesses momentos que as conversas na mesa de jantar, que as caminhadas no parque, que as risadas no domingo de manha, que as cumplicidades construídas naturalmente vão fazer a diferença.

No que me diz respeito, Pai babado de 3 adolescentes ainda em casa, arrisco-me a defini-los como a “nossa” melhor obra de vida, sem sombra de duvida. E obviamente “nossa” porque o trabalho de equipa, de complementaridade, de cumplicidade e de divisão de pelouros é insubstituível.

Ontem comemorou-se o Dia dos Pais no Brasil. Num aparte, confesso que neste mundo cada vez mais global não consigo entender porque estes dias comemorativos continuam em épocas diferentes por Pais, Continente, região. Assinalando este dia, o querido Padre Michelino da nossa paróquia em São Paulo exaltava o papel dos Pais numa das suas famosas e muito didáticas homilias dominicais, e referia que um dos problemas de hoje é a dificuldade em dizer NÃO. E os problemas que esta ausência do não tem na educação e formação dos filhos. Esta “culpa” pela ausência dos Pais traduz-se num facilitismo, num materialismo e numa tolerância que acaba por resultar em gerações de indivíduos que não sabem gerir e enfrentar a frustração, que não sabem retirar pedras do caminho, que não sabem o que é o compromisso, que não têm espírito de sacrifício nem tolerância.

Não existe escola, por muito boa que seja, não existem acompanhantes, monitores, babás, treinadores ou quaisquer outros profissionais que consigam substituir o papel da família educadora, da família referencia, da família “porto seguro”.

“EDUCATION is the most powerful weapon we can use to change the world” – Nelson Mandela.

Miguel Caeiro, Country Manager Brazil & Latam at Lookout Mobile Security
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Por Miguel Caeiro

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