Diretor de Internet e Serviços Móveis do Meo

A polémica estalou quando um vice-presidente da Uber sugeriu durante uma conferência que poderia vasculhar informação privada e confidencial obtida pela sua plataforma como uma eventual forma de pressão sobre jornalistas mais críticos da empresa. Se terá sido dito, ou não, em tom de brincadeira, pouco importa, e a informação que entretanto veio a público sobre um colaborador da Uber ter acedido ao perfil e dados de utilização de um jornalista do Buzzfeed sem a sua autorização entre outros incidentes, demonstra uma enorme falta de sensibilidade da Uber para um tema tão importante para todos nós e aumenta a desconfiança dos consumidores sobre o tipo de análises que são feitas à informação que todos nós, cada vez mais, passamos para estes serviços.

As aplicações móveis, no momento da instalação, pedem autorizações para aceder, guardar e tratar praticamente toda a informação que temos no nosso telemóvel, desde o acesso a chamadas e sms, a contatos, informação de localização e fotografias entre muitos outros. Mas essas autorizações são dadas estritamente para permitir a prestação do serviço nas melhores condições, e por exemplo, dar informação meteorológica sobre o local onde nos encontramos ou usar essa mesma informação para enviar publicidade georreferenciada e não para analisar os locais por onde passo para conhecer detalhes da minha vida privada. Do ponto de vista legal o âmbito de utilização da informação que acedemos fornecer a estas empresas é claro, mas as possibilidades que a evolução tecnológica trouxe muito recentemente podem não estar a ser devidamente acompanhadas em termos de controlo. E comportamentos levianos como o da Uber minam a confiança dos utilizadores e põem em causa muito trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nesta área.

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