TURISMO – amado e odiado…

9 de agosto de 2016

TURISMO – amado e odiado…

Miguel Caeiro, Country Manager Brazil & Latam at Lookout Mobile Security

Forte e consistente aposta portuguesa da última década, o Turismo tem-se revelado um trunfo importante no combate à crise e como catalisador de uma nova economia. Porque é tão polémico, tão fortemente amado por uns e odiado por outros?

Os países dão-se a conhecer, criam estereótipos e montras de visibilidade do seu DNA, da sua cultura e dos seus valores estratégicos por muitas formas, mas nenhuma talvez tão impactante como o Turismo.
Ao turista, e para ele, cada cidade, cada comunidade, prepara o seu lado melhor, forma os seus profissionais e faz um esforço para se embelezar e dotar das melhores infraestruturas. Para os turistas reservamos muitas vezes o que de melhor temos para mostrar, e fazemo-lo com orgulho e vaidade.

Este verdadeiro motor de inovação e empreendedorismo tem levado a uma transformação das cidades, das menores ás maiores, das empresas, das profissões, e até da formação aos mais diversos profissionais, de modo a aproveitar ao máximo uma população mundial nómada com sazonalidades cada vez mais indefinidas e com um rendimento disponível maior.

Segundo os dados do INE, no ano de 2015 bateram-se os recordes de taxa de ocupação dos Hotéis em Portugal (apesar do verdadeiro boom dos modelos mais informais tipo AirBnb), atingindo-se ainda um valor recorde de gasto por cada ocupante de quarto. Mais esmagador ainda é o numero absoluto de turistas que no ano passado visitaram Portugal, ultrapassando pela primeira vez os 17 milhões. Para uma população inferior a 11 Milhões, digamos que não estamos nada mal.

Para termos uma comparação de potencial aproveitado, no Pais irmão do Brasil, para uma população que já ultrapassa os 200 Milhões, os números de turistas estrangeiros que visitaram o país em 2015 foi pouco acima dos 6.3 Milhões (segundo dados do Ministério do Turismo).
Os nossos vizinhos Espanhóis, numa estratégia similar à nossa conseguiram também um numero recorde de 68.1 Milhões, para uma população de 40 Milhões.
E todos sabemos o enorme potencial que ainda existe por explorar, seja ao nível das cidades históricas, seja no turismo religioso, seja em segmentos de nicho de luxo, bem-estar, ou mesmo associado a atividades especificas como o enoturismo, montanhismo, golfe, enfim, tantas outras.

Acompanhando este fenómeno ao longo das ultimas décadas, observamos também que já não se trata somente de um turismo de baixo valor, para “gringos” de pouco potencial do velho Algarve estereotipado em Albufeira. Hoje uma volta despretensiosa por varias regiões do Algarve mostra uma realidade bem diferente, muito bem estruturada, de elevada qualidade e oferta variada para vários segmentos, gostos e carteiras. Mas mais importante ainda, hoje em dia podemos sair do Algarve e escolher aleatoriamente qualquer região de Portugal, cidade ou pequena vila e, quase sem exceção encontrar uma realidade de que nos orgulhamos em mostrar, e para a qual convidamos reiteradamente todos os nossos amigos estrangeiros a visitar, conscientes de que vão simplesmente adorar e querer regressar.

O ponto mais sensível e polémico, para o qual, nas minhas visitas espaçadas a Portugal tenho encontrado discussão e opiniões divergentes, é Lisboa. Lisboa essa amada e bela cidade, de luz única e casario apaixonante, que com as suas colinas encanta por quem ali passa.
Muita gente se queixa do excesso de turistas. Existe tal conceito? Existem turistas a mais? Existem clientes a mais? Existe demasiada procura? Confesso que fico com alergia a este ponto.

Outros queixam-se dos inúmeros novos negócios que proliferam pela cidade, desde as mais lindas esplanadas, restaurantes incríveis, jardins revitalizados, quiosques renascidos, miradouros que viraram moda, ate a novas formas de visitar a cidade, seja nos tão criticados Tuk-tuk, seja nos carros anfíbios que entram pelo Tejo adentro. Queixam-se, portanto, do dinamismo empresarial de um povo que mergulhado na crise virou empreendedor e agarrou as oportunidades que apareciam ao virar da esquina, é isso? Queixam-se de que não ficamos a chorar as magoas, a viver o Fado, e que soubemos mais uma vez conquistar novos mundos? Mais um ponto que me provoca alergia.

Ouvem-se queixas de “qualquer dia isto vira Barcelona” !!!!!!

Uma coisa eu tenho a certeza, vivendo fora de Portugal desde 2011, tenho conseguido persuadir muitos amigos estrangeiros a visitar esse belo Pais, e não tenho ciência de um único caso em que o resultado não superasse as expectativas, em que não houvesse certeza de um regresso, e que essa viagem não se tornasse absolutamente viral e contagiante para toda a comunidade de amigos desses amigos.

Que mais uma vez na nossa historia os velhos do Restelo não impeçam Portugal de conquistar o seu espaço, o seu lugar na historia, lugar esse que tem sido inúmeras vezes reconhecido nas mais diversas distinções, prémios, rankings, de prestigiadas entidades avaliadoras.

Faço votos para que todos os grandes profissionais que abraçaram essa causa consigam atingir os seus objetivos de forma consistente, e que com orgulho aumentem exponencialmente o valor de Portugal.

“The World is a book, and those who do not travel read only a page.” – Saint Agustine.

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Por Miguel Caeiro

Comentários (1)

  1. Orgulho…será a palavra que mais me assalta…
    Parabéns Miguel. Continuo a achar que quem mais longe está de algo, mais belo se torna o que vê e sente.
    Abraço.

    por: Rui Reis,

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