O fantasma do digital paira sobre os meios de comunicação desde o ano 2000 e ainda permanece sem soluções óbvias pelo mundo inteiro. Existe no entanto um claro vencedor, vindo da cauda da fila, a RÁDIO.
Ao contrário do que anunciavam os The Buggles em 1980, na música “Video killed the Radio Star”, e dos vários profetas das metamorfoses seguintes, em que as revistas e jornais seriam dizimadas pela Internet, e que os meios de comunicação exteriores seriam obsoletos rapidamente, e que… nada disso aconteceu. As várias gerações de tecnologia vieram sim transformar, evoluir e melhorar os vários meios, mas, até agora, não matou nenhum deles.
Tive oportunidade, quer enquanto comprador de media em alguns dos maiores anunciantes, quer como responsável do maior grupo de media, de assistir de camarote à primeira vaga das profecias, no final da década de noventa e inicio 2000, dos cenários loucos, das especulações catastróficas e obviamente dos receios e barreiras à mudança por parte das instituições e das pessoas, acionistas, gestores e funcionários.
Passados mais de 15 anos, poucas ou quase nenhumas dessas profecias se realizaram. Houve sim, uma evolução gigante trazida pela tecnologia que permitiu que todos os players se rejuvenescessem, adaptassem e se preparassem para o que hoje conhecemos como a era digital.
Observando com esta janela temporal, e perante os vaticínios da época para o que se esperava dos vários meios de comunicação, os condenados à partida eram a Rádio e os Jornais.
15 anos depois, considero que a grande vencedora foi a RÁDIO. No sentido que, na minha opinião, foi o meio que melhor soube se adaptar à era digital, melhor se preparou, melhor formação deu aos profissionais, melhor relacionamento soube manter com os seus ouvintes. Acima de tudo a RÁDIO é hoje mais relevante do que era na década de noventa.
Enumero 5 razões que fundamentam esta minha opinião:
#1) Através do Online a RÁDIO consegue hoje manter relacionamentos com os ouvintes, independentemente do seu local de trabalho ou residência, sendo hoje comum morar na Austrália, no Brasil ou nos EUA e ouvir a Rádio Comercial, a TSF ou a RFM, mantendo-se fiel aos seus hábitos e como ponto de contato e ligação ao pais de origem. A Televisão não conseguiu até hoje fazer este caminho, sendo o canais Internacionais umas piadas de mau humor e de acesso pago na maior parte dos casos.
#2) Através do Online a RÁDIO e os seus profissionais ganharam rosto. Através das emissões online, com webcams nos estúdios, através das plataformas de relacionamento (Facebook, Twitter, Instagram,…) os profissionais de Rádio ganharam o protagonismo antes reservado aos seus colegas da Televisão. Hoje é comum lançarem livros, terem shows ao vivo, e até, em alguns casos, participações em programas de TV.
#3) Através do Online a RÁDIO foi para a rua e participou na vida das pessoas. Acompanhando as pessoas ao longo do seu cotidiano, a RÁDIO soube ser interactiva, soube envolver, soube estar ao lado, e ganhou um papel relevante, indo para a rua participar em eventos ao lado e com os ouvintes, nas praças, nos largos, nos festivais de música,…..
#4) Através do Online a RÁDIO soube adaptar o seu tom de voz, o seu jornalismo, as suas pautas de redação, e passaram a ser a voz do imediatismo, do em cima do acontecimento, do primeiro a estar, ver e relatar. O profissional da rádio não ficou 10 anos a discutir se fundia a redação com a área online, eles parecia que já tinham nascido online e este novo alcance da Web só personificava o crescimento exponencial que sempre acreditavam vir. Sabemos e assistimos ainda em 2015 a outros meios de comunicação que ainda não sabem comunicar no online, que ainda acreditam que “dessa parte” tratam os jovens estagiários e tal.
#5) Através do Online a RÁDIO soube potenciar novos conceitos do Online como os Live Events, os Flash mob’s, os movimentos virais, as partilhas de novas tendências, dando-lhes voz e protagonismo.
“It’s not true I had nothing on, I had the Radio On.” Marilyn Monroe.
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