Jeff Bezos, Fundador e CEO da Amazon, adquiriu a semana passada o Washington Post por 250 milhões de dólares. Num movimento que apanhou todo o mercado de surpresa, Bezos pagou 17 vezes o valor dos lucros anuais (ajustados) e deixou uma pergunta na mente de todos:
O que é que Jeff Bezos sabe sobre o mercado dos media que todos nós não sabemos?
Com efeito, numa altura que toda a indústria de media está a sofrer uma profunda re-estruturação e pressão sobre as fontes de receitas, e, onde a imprensa é sem dúvida o meio que mais está a sofrer, o que levará Jeff Bezos a adquirir um jornal que, apesar de ainda muito conceituado, perde receitas há 6 anos consecutivos?
Há inúmeras teorias sobre as suas motivações. De tentativa de compra de influência, a adquirir um sistema de entrega diária de bens a casa, a plataforma para se candidatar a presidente, ou simplesmente para alimentar o ego (os jornais serão a nova coqueluche dos milionários que se cansaram de comprar clubes desportivos), praticamente tudo foi dito e previsto.
Embora possa haver alguma verdade em alguns destes argumentos, há que não esquecer que Bezos sempre teve uma relação muito próxima com negócios editoriais. Ele próprio é um leitor ávido de livros e jornais. A Amazon começou por ser um negócio de venda de livros. E apesar de ser preciso fazer uma importante distinção – a compra está a ser feita a título pessoal e não através do seu império – a Amazon, a mim parece-me que a sua verdadeira motivação tem a ver com o seu espírito sempre curioso, de quem adora pegar num grande desafio e re-inventar a forma como se lida com ele.
A meu ver, Bezos tem, como já vem sendo seu hábito, uma visão única para a forma de resolver o complicado futuro dos media noticiosos e eu, mal posso esperar para ver o que pode daí surgir. Uma coisa é certa: será com certeza uma abordagem disruptiva e que vai gerar desde logo o maior cepticismo por parte dos seus agora recentes adversários, como é costume. Mas eu, não apostaria contra Bezos…
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