Durante anos, décadas, Portugal praticou o mais belo futebol da Europa, ainda que sem frutos visíveis, tornando-se campeão das vitórias morais. Aos constantes elogios da imprensa e indústria ligada a este desporto, respondíamos com a maximização de cada vez mais talentos, que invariavelmente acabavam – e acabam – nos mais ricos clubes da Europa e do mundo. Estes tornaram-se, para nós portugueses, quase réplicas da selecção nacional. Veja-se a quantidade de portugueses que torceu pelo Barcelona, primeiro (devido a Luís Figo) e pelo Real depois – Figo, Mourinho e Cristiano Ronaldo.
Foi com este talento que perdemos um Europeu em casa, contra a “feia” Grécia, e fomos sucessivamente caindo aos pés de França, Alemanha e Espanha. Hoje, porém, somos Campeões Europeus. Porquê? Mantivemos o talento e criámos uma dose extra de pragmatismo – calculismo, até. Tornámo-nos resultadistas e não vacilámos perante o realismo das más exibições ou quando a sorte nos largou. Isto é: o treinador português, Fernando Santos, manteve-se fiel à sua estratégia mas foi trocando as peças (leia-se jogadores) que permitiam que esta seguisse o seu caminho de sucesso. Foi intransigente mas não inflexível.
Em parte, o sucesso de Portugal no Euro deve-se a esta conjugação entre pragmatismo e realismo mas também na versatilidade com que o treinador jogou as suas peças. E na liderança: ao agarrar Cristiano Ronaldo, Fernando Santos ganhou uma extensão de si no campo e no balneário, acertando onde outros seleccionadores tinham falhado.
A vitória de Portugal no Euro 2016 é uma história de fadas quase irrepetível. E, como todas as histórias de fadas, pode e deve ser metaforizada para outros campos da vida. Para as empresas, por exemplo. Para que os empresários nunca deixem de acreditar.
Uma última nota para a fantástica campanha de comunicação que rodeou a Selecção Nacional nos últimos meses e o magnífico discurso de Marcelo Rebelo de Sousa na recepção aos jogadores, em Belém. Hoje, o mundo é português. Deixem-nos celebrar e esperar por novas conquistas noutras áreas de actividade.
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