A velocidade com que a tecnologia está a evoluir e a tornar-se cada vez mais acessível a todos, desde os menos tecnologicamente evoluídos aos mais economicamente limitados faz mudar de forma irreversível conceitos que até há poucos anos julgávamos perpétuos.
A área da imagem é, talvez, a que mais rapidamente e de forma mais radical tem evoluído; e tem-no feito de uma forma que acompanha de forma muito próxima a evolução das sociedades.
Durante décadas, e até há pouco mais de 10 anos, era comum existirem nos lares as tradicionais máquinas fotográficas de rolo em película para posterior revelação, arquivo e partilha através de álbuns fotográficos. Todos nos lembramos do slogan da KODAK – Recordar é viver – e que bem se adaptava às nossas vidas, pois era a forma de recordar e partilhar bons momentos que havíamos vivido no passado. À velocidade de um flash esta rotina transformou-se e os álbuns ficaram de parte, as revelações deixaram de fazer sentido e o arquivo passou a ser feito em cartões de memória, cada vez com mais capacidade. A partilha, por sua vez, passou a ser feita em suportes digitais – desde os ecrãs das próprias marcas até aos monitores de computador ou em formato maior dimensão como televisores ou projectores. Em paralelo apareceram os programas e empresas a explorar as oportunidades de partilha global das imagens e, mais tarde, vídeos – Facebook, Youtube, Instagram tornaram-se banais no hábito de registo, partilha e arquivo do que cada um pretende partilhar com todos os utilizadores ou com um grupo mais restrito de amigos.
Os suportes foram evoluindo, a tecnologia também e hoje os principais meios de registo de fotografias e vídeo passaram a ser os telefones móveis quer com câmaras mais fiáveis e com potentes lentes, quer com memórias mais fortes e de maior capacidade. A tudo isto soma-se a praticidade da partilha, envio e disponibilização no segundo seguinte ao registo da imagem…até aqui nada de novo mantendo-se o trinómio – registo, partilha e arquivo – porém algo muda quando um grupo de alunos de Stanford cria o “Snapchat” que tem por base a partilha, apenas durante alguns segundos, de imagens; este novo conceito destrói o trinómio ao eliminar o eixo do arquivo o que, na minha opinião, volta a revolucionar o modelo de actuação dos utilizadores que, tal como a sociedade, pretende cada vez mais viver o momento, partilhar o momento pois a partilha é o eixo de maior valor na sociedade do séc. XXI.
Este caso deverá servir de inspiração e referência para as marcas e para os Marketeers, pois prova que a sociedade está cada vez mais a olhar para o presente, para o momento e a vivê-lo e partilhá-lo até ao extremo fazendo diminuir a importância do passado na vida de todos nós.
Hoje, mais importante do que registar com qualidade ou arquivar para mais tarde recordar o relevante é partilhar, partilhar, partilhar, nem que seja por curtos segundos…os suficientes para afirmar que hoje em dia partilhar é viver!
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