Já participei em diversos Festivais nacionais e internacionais de criatividade como jurada. Mas quando recebi o convite para integrar o júri de imprensa do Festival de Cannes, estava muito curiosa para participar no processo daquele que é conhecido como o Óscar da publicidade.
Ainda mais curiosa eu estava por ser Press, uma categoria que gera sempre muitas dúvidas.
Se olharmos para o ano passado, o Grand Prix de Press utilizava a media impressa só como meio de apoio. Isto poderia ser considerado uma tendência?
5 dias de trabalho depois, já tenho a resposta.
Não. Esta tendência não se confirmou. O Grand Prix deste ano não aponta uma resposta clara para o futuro. Inclusive foi mesmo a ser considerado não atribuir um Grand Prix este ano. A discussão durou horas, o júri estava dividido. No fim, resolvemos premiar a peça que mais ouros tinha arrecadado.
Outro tópico de discussão foi a relevância das marcas. Marcas grandes têm a preferência dos jurados. É levado em consideração sempre a criatividade primeiro, mas num segundo momento marcas muito pequenas e desconhecidas dividem opiniões. Mais um item que dificultou a decisão do Grand Prix deste ano.
Ter tido a experiência de analisar mais de 2000 prints individualmente (cada jurado vê metade do número de inscrições na primeira fase) e depois discutir exaustivamente cada peça do shortlist foi um processo muito enriquecedor.
Deixo os trabalhos de Cannes com uma certeza: por mais diferentes que os jurados possam ser, por mais que os critérios mudem conforme o background de cada um, quando uma ideia é boa, ela se destaca automaticamente.
Depois se ela vai virar ouro, prata ou bronze depende da discussão que se gerar em torno dela. E aqui é que está a mágica da argumentação e da persuasão. Ou a ideia precisa ser defendida ou ela é tão boa que fala por si só. Estas últimas são aquelas ideias brilhantes, as que todos nós procuramos.
Comentários (0)