Todos nós estamos indignados e consternados com os eventos deste fim de semana em Paris. Um ataque terrorista, que colocou em causa a segurança e a vida de milhares de pessoas numa das principais capitais europeias, chocou o mundo inteiro e deixou sequelas em todos os que, de uma forma mais próxima ou mais distante, se viram relacionados com os acontecimentos. Só podemos lamentar profundamente a perda de vidas humanas e apoiar na dor os que ficaram.
No entanto, não podemos deixar de constatar a dinâmica que ocorreu nos media, assim que os acontecimentos se iam sucedendo. Uma vez mais os media digitais assumiram, de forma consistente, a posição de primeiro meio de comunicação interpessoal em momentos de crise.
Todos se viraram para as redes sociais e para as fontes de informação digital para perceberem exactamente o que se estava a passar. Rapidamente nos apercebemos que as redes sociais foram inundadas com comentários, vídeos e fotos, criando uma partilha viral sem termo de comparação.
Neste contexto, devemos destacar alguns momentos chave onde o novo paradigma de comunicação digital tomou um papel relevante na noite fatídica:
O primeiro, foi o famoso post no Facebook do jovem Benjamin Cazenoves (que se encontrava no interior da sala de concertos Bataclan), que descrevia o horror que se desenrolava no interior das instalações. Foi um primeiro alerta sobre a gravidade da situação, não só partilhando com o mundo o que se passava, mas também orientando as equipas de intervenção policial para as prioridades de actuação.
O segundo, foi o carácter imediatista do Twitter (amplamente usado em França) onde rapidamente surgiram fotos e comentários que demonstravam a gravidade dos factos, mas que permitiram saber quase que instantaneamente que os ataques ocorriam de forma concertada em várias localizações da cidade.
O terceiro momento foi quando, face à gravidade da situação, as duas principais redes sociais assumem um protagonismo verdadeiramente social.
Por um lado, o Facebook activou a opção de Safety Check. Uma opção que se encontrava disponível desde 16 de Outubro de 2014, mas que só agora teve impacto prático na Europa. Desta forma, este mecanismo simples e pessoal de validar o bem-estar dos entes queridos, assegurou a tranquilidade de muitas pessoas. Familiares e amigos puderam assim verificar que estava tudo bem.
Por outro, a onda de solidariedade espontânea que surgiu no Twitter sob o hashtag #PorteOuverte e que dinamizou todos os momentos que se seguiram, com residentes a abrirem as portas de suas casas para acolherem as vítimas, até aos taxistas que ofereciam gratuitamente as viagens para casa, uma vez que os transportes públicos estavam encerrados.
Num momento em que muito se discute sobre as virtudes e desvirtudes destes novos meios de comunicação digitais, verificamos que as redes sociais assumiram um protagonismo extremo num momento de crise como o que agora sucedeu, e que os meios tradicionais ainda não perceberam bem como acompanhar esta “eficácia” digital, ficando agarrados à sua prática habitual.
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