Não querendo fazer juízos, arrisco dizer que a maioria dos portugueses não tem noção de como as ilhas açorianas estão dispersas no Atlântico. Da ilha mais oriental à ilha mais ocidental, contam-se cerca de dois mil quilómetros. Também por isto se percebe porque muitos açorianos não conhecem a maior parte das ilhas. A isto soma-se o facto de as ligações de barco serem reduzidas, principalmente no Inverno, e os bilhetes de avião excessivamente caros.
Sob a alçada de um Governo Regional, as nove ilhas representam nove realidades muito próprias. A dispersão do arquipélago implica que se multiplique por nove o investimento normal que um executivo teria de fazer para satisfazer as necessidades da população . Cada ilha tem de ter escolas, serviços de saúde, aeroporto… A centralidade de alguns serviços já é uma realidade e as grávidas da Ilha do Corvo, a mais pequena dos Açores com apenas duzentos habitantes, têm de ir um mês antes do parto para o Fail, para assim evitarem surpresas de última hora. O mar que aproxima as diferentes ilhas dos Açores é o mesmo que as separa.
Neste Imagens de Marca especial Açores, apenas visitámos o grupo central. É aqui que a noção de arquipélago é mais evidente. Do Faial vemos o Pico e São Jorge. São chamadas as ilhas do triângulo. Também do grupo central fazem parte a Terceira e a Graciosa.
Em cinco dias, estivemos em quatro ilhas. Aterrámos na Terceira a um Domingo de manhã, em plenas festas do Espírito Santo. Não é por acaso que se diz que os Açores têm nove ilhas e um parque de diversões. A Terceira pareceu-nos de facto estar sempre em festa. Cada freguesia tem muito orgulho em receber bem. As meninas descem as ruas de vestido branco rendilhado e flores sobre o cabelo. Os rapazes desfilam com instrumentos musicais, muitos fazem parte da banda dos bombeiros e estão prestes a actuar no coreto da vila. Não precisámos sair do carro, para nos darem copos de vinho morangueiro e massa sovada (uma espécie de pão doce) pela janela. Alguns conseguiram que a carrinha encostasse e fomos recebidos pelo mordomo das festas, que tem a obrigação de recolher os fundos necessários para a realização do repasto. O Espírito Santo não se dá à margem da igreja, mas o essencial é vivido na rua e no império (uma capela reduzida) de cada freguesia.
A cidade mar no Faial foi o nosso ponto central para chegarmos às outras ilhas. A Horta recebeu-nos sempre bem, na sua inquietude matinal. Ao final do dia, encontrámos um verdadeiro melting pot no Peter café. Com um ou outro local a tentar seduzir uma iatista nórdica. Ali desfizemos o mito e constatámos que o gim do Peter é, de facto, o melhor do mundo. Mas não se compara à hospitalidade.
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