Talvez por ter sido “plantado” sobre um amplo vale coberto de funcho, o Funchal tenha visto crescer o jardim da sua marca num misto de multiplicidade, beleza e sensibilidade estética.
Em Primavera permanente, o clima temperado da ilha foi o habitat perfeito para, facilmente, se adaptarem flores, plantas e árvores provenientes dos 4 cantos do mundo.
O Funchal é hoje um espantoso jardim botânico de geografias múltiplas. A maioria das plantas foram introduzidas pelos emigrantes e representam as mais remotas latitudes, onde vivem as comunidades madeirenses. Chorisia speciosa (sumaúma) da América do Sul, Manhã-de-Páscoa da América Central, Jacarandá e as bunganvílias do Brasil, Grevilia da Austrália, Estrelícia (ave do paraíso) da África do Sul, Camélia e o Hibisco da China, Japão e Coreia, Orquídea dos Himalaias, entre muitas outras.
A influência das flores fizeram do Funchal um imenso jardim de alma, e isso nota-se em todos os detalhes: o Funchal é a cidade mais limpa de Portugal, os táxis são conhecidos como “as abelhinhas”, a noite funchalense é nas “vespas”, o sumo é a “brisa”, o leite a “estrelícia” e quase todos os hotéis são imensos jardins botânicos.
Estas são apenas algumas das marcas desta terra de sensibilidade e de onde sobressai uma inigualável capacidade de assimilar a multiplicidade de influências recebidas de todo o Mundo.
No Funchal, vive um povo de sábios jardineiros do destino que soube, com paciência e uma imensa dimensão estética, aproveitar a Natureza para cultivar a sua Marca. O reflexo de um povo que sabendo adaptar-se, acrescentou perícia e fez florescer a alma.
Alma que numa linguagem futebolística, ou não fora Cristiano Ronaldo uma das grandes “flores” do Funchal, desperta os Funchalenses para o desafio de continuar a marcar golos no adversário destino, clube de uma Natureza adversa, que sempre souberam enfrentar e reinventar.
Funchal é uma terra de marcas múltiplas, marcas de emigração, marcas de sensibilidade, marcas de capacidade de adaptação, marcas policromáticas e multi-sensoriais, marcas de funcho.
Conta a mitologia grega que o titã de nome Prometeu, que representa a vontade humana do conhecimento, usou um talo de funcho para “roubar o fogo dos deuses”, acto que representa a audácia humana pela busca e partilha de conhecimento.
Por isso, nesta terra que nasceu do talo do fogo dos deuses, e que faz agora 500 anos, importa despertar a consciência para a importância dos pequenos detalhes, das intangibilidades, das marcas da nossa cultura, da nossa história, da nossa alma.
O desenvolvimento da economia da região, com particular destaque para a indústria do turismo, depende inteiramente da capacidade de exploração inteligente dos intangíveis recursos endógenos.
O caminho da prosperidade das nossas marcas, pelo conhecimento, já não é mais uma opção, mas uma obrigação e um objectivo indispensável à nossa felicidade colectiva.
Assim, o desafio de todos os jardineiros do conhecimento é fazer do Funchal um imenso jardim de marcas; um jardim de marcas fortes, modernas, competitivas e tão sedutoras, sensíveis e múltiplas quanto as nossas valiosíssimas flores.
Nem que para isso seja necessário usar o talo do nosso funcho e voltar a “roubar” o fogo aos deuses.
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