(*) Brand Design Manager/Brandia Central e Presidente do Clube de Criativos de Portugal
1. ATENÇÃO AO QUE É IMPORTANTE
Consigo identificar o meu filho ao longe no mar, entre dezenas de outros surfistas, todos vestidos com os mesmos fatos escuros de neoprene, mesmo que tenha a luz do sol a incidir sobre a minha visão, tornando essa tarefa ainda mais difícil. Reconheço a configuração do seu corpo, as suas proporções e a sua maneira de sentar sobre a prancha, o seu remar e, claro, o seu estilo ao manobrar sobre as ondas. Tudo isso faz parte da sua 'marca' visual, de que sou obviamente adepto.
O mundo das marcas requer de nós cada vez mais atenção ao detalhe, ao pormenor, àquela diferenciação face às suas congéneres. Recentemente surgiram notícias que davam conta que na China estão a copiar literalmente as lojas da Apple, a tal ponto semelhantes que os próprios colaboradores não sabiam que se tratava de uma loja “falsa” (será possível?!). Seguiu-se a informação de que o mesmo acontece com uma loja IKEA, igualmente 'faked' dos rodapés ao tecto. Em casos desses, que hoje são excepcionais, valerá o conhecimento aprofundado da marca para se reconhecer a sua autenticidade.
O crocodilo da Lacoste será, talvez, o animal mais copiado do mundo. Num passeio por qualquer feira do país deparamo-nos com as mais diversas representações do bicho. Já os vi com dentes e sem eles, com a cauda mais ou menos enrolada, vesgos ou zarolhos, gorduchos e até sem patas. Somente os reais adeptos saberão identificar aquela que se gaba de ter sido a primeira marca a expor o seu símbolo do lado de fora de um artigo de vestuário.
A nossa atenção redobra-se quando temos interesse por aquilo o que vemos.
Por isso as marcas devem procurar ser atraentes pela sua atitude, por aquilo que representam na vida das pessoas, procurando não defraudar as suas expectativas.
O meu filho não será o melhor surfista do mundo, mas é certamente único e não me venham cá com imitações : )
2. FESTIVAIS QUE MARCAM
Depois das marquinhas dos biquínis, as marcas mais notadas no verão devem ser as marcas dos festivais. Filões de ouro das empresas, os ajuntamentos à volta das bandas de rock-pop-indie-hip-hop-whatever são cada vez mais um fenómeno à escala global. Este ano a filha de uma amiga realizou a proeza de vir de São Paulo para o Meco e do Meco de volta para São Paulo, só para assistir ao concerto dos Artic Monkeys.
De retorno à terra natal, perguntei-lhe de que marcas se lembrava ter travado contacto durante a sua maratona festivaleira. Contou-me que obviamente a Super Bock, que não só deu nome ao evento mas que lhe garantiu as cervejas; o Sapo que lhe disponibilizou os meios para que bradasse a sua excitação por palavras e imagens pelas redes sociais; e a Antena 3 que “acho que é uma radio”.
Ficaram de fora dezenas de outras marcas que, apesar de estarem presentes, não conseguiram marcar a experiência da jovem que se expôs aos decibéis, ao pó, à multidão, ao calor, às promotoras, aos cartazes e aos néons. Faltou investimento, falhou a estratégia ou será que essa garota é mesmo distraída?!
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